Aço Brasil expressa surpresa com as tarifas de Trump sobre as importações de aço, que impactam US$ 7,6 bilhões em comércio.
gazetadevarginhasi
12 de fev.
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As principais empresas do setor siderúrgico no Brasil criticaram o decreto assinado nesta segunda-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impõe uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio.
Em um comunicado, o Instituto Aço Brasil, que representa essas empresas, expressou surpresa com a decisão da Casa Branca, uma vez que o comércio bilateral dos principais produtos de aço entre os dois países movimenta US$ 7,6 bilhões anualmente.
O setor se mostrou surpreso, especialmente por conta de um acordo firmado em 2018, durante o primeiro mandato de Trump. Naquele momento, o presidente dos EUA impôs tarifas semelhantes, mas o Brasil, assim como o Canadá, obteve condições diferenciadas. Foram estabelecidas cotas de exportação, com 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados.
“O acordo de 2018 não só atendeu ao interesse do Brasil em preservar o acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também ao interesse da indústria de aço dos Estados Unidos, que demanda placas brasileiras”, destacou o instituto. Em 2024, os Estados Unidos importaram 5,6 milhões de toneladas de placas de aço, das quais 3,4 milhões vieram do Brasil.
O Aço Brasil também rebateu a alegação do governo norte-americano de que as importações de aço chinês no Brasil estariam prejudicando a indústria dos EUA. Trump justificou a nova tarifa citando o aumento das importações brasileiras de aço chinês, que, segundo ele, teria triplicado desde a implementação das cotas em 2018.
Em resposta, o instituto ressaltou que o mercado brasileiro enfrenta um aumento substancial das importações de países que praticam "concorrência predatória", especialmente a China. O Aço Brasil, por isso, solicitou ao governo brasileiro a adoção de medidas de defesa comercial, com a implementação do regime de cota-tarifa para 9 produtos de aço. “Portanto, ao contrário do que foi alegado, não há possibilidade de ocorrer qualquer circumvenção para os Estados Unidos de produtos de aço provenientes de terceiros países”, afirmou.
O instituto também observou que, na balança comercial entre Brasil e EUA, os Estados Unidos têm mantido um superávit médio de US$ 6 bilhões nos últimos cinco anos. Considerando os principais itens da cadeia do aço — carvão, aço e máquinas e equipamentos — a corrente de comércio entre os dois países soma US$ 7,6 bilhões, com os Estados Unidos superávit de US$ 3 bilhões.
Por fim, o setor manifestou sua expectativa de que haja um diálogo entre o governo dos Estados Unidos e o Brasil para restabelecer o fluxo de produtos de aço nas condições acordadas em 2018. “A taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não trará benefícios para ambos os lados”, concluiu o Aço Brasil, que representa empresas como Aço Verde do Brasil, Aperam, ArcelorMittal, Gerdau, Sinobras, Ternium, Usiminas, Vallourec e Villares Metals.
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