ALMG premia soluções que utilizam inteligência artificial e satélites para prevenir desastres naturais em Minas
gazetadevarginhasi
26 de mar.
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Duas soluções que utilizam monitoramento por satélite e inteligência artificial foram destaques no Prêmio Assembleia de Incentivo à Inovação - Crise Climática, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Os projetos, desenvolvidos pelas startups Quasar Space e Ashton Tecnologia, estão sendo implementados nos municípios de Pedro Leopoldo e Itajubá, respectivamente, e fazem parte do Programa de Aceleração do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).
A Quasar Space realizou, em 14 de março, a demonstração de um sistema de monitoramento climático contínuo em Pedro Leopoldo, cidade frequentemente atingida por alagamentos durante o período chuvoso. A solução usa dados de mais de dez redes de satélites públicos e privados para produzir mapas atualizados a cada 30 minutos, permitindo rápida resposta do poder público em áreas de risco.
O sistema, que será integrado à central de videomonitoramento da prefeitura, fornece dados detalhados a cada 10 metros de território, incluindo susceptibilidade do solo e ranking de áreas críticas, fundamentais para ações emergenciais e planejamento de obras de contenção.
Segundo Thais Cardoso Franco, cofundadora e CEO da startup, o objetivo é permitir que a gestão municipal tenha mais precisão na resposta a eventos climáticos extremos. O coordenador da Defesa Civil local, Antônio Lira Junior, destacou que a tecnologia possibilita identificar o grau de saturação do solo e o volume de chuvas acumuladas, antecipando riscos.
Em Itajubá, no Sul de Minas, a startup Ashton Tecnologia Ltda. apresentou sua solução no dia 19 de março. A cidade, historicamente impactada por enchentes, já conta com a tecnologia em implementação desde agosto de 2024. A proposta inclui 25 estações de monitoramento em tempo real no Rio Sapucaí e afluentes, que alimentam uma rede neural com dados hidrológicos.
A diretora da Ashton, Vitória Baratella, explica que o sistema é capaz de prever enchentes com horas de antecedência, permitindo que a Defesa Civil alerte a população e planeje rotas de fuga e ações emergenciais. Ela destaca que a inteligência artificial é treinada com base no comportamento do rio e na quantidade de chuvas em tempo real, otimizando as previsões.
O coordenador da Defesa Civil de Itajubá, Adilson José, afirmou que, se o sistema estivesse disponível em anos anteriores, muitos prejuízos poderiam ter sido evitados. Em 2000, mais de 70% da cidade foi tomada pelas águas, causando mortes, destruição e milhares de desabrigados.
Ambos os projetos fazem parte da Prova de Conceito (PoC) prevista no programa de aceleração do BH-TEC. Essa etapa avalia a viabilidade prática das soluções tecnológicas em campo, permitindo ajustes antes de uma possível ampliação.
De acordo com o analista de Sustentabilidade e Inovação do BH-TEC, Lucas Marinho, o objetivo do programa é ajudar as startups a consolidarem seus projetos e prepará-las para o mercado. Os empreendedores contam com mentorias, suporte técnico e rodada de negócios com potenciais clientes.
Outros municípios mineiros também receberão as startups vencedoras do prêmio nas próximas semanas para realização da PoC: Contagem, Florestal, Viçosa, Ipatinga, Janaúba, Uberlândia e Araguari.
As iniciativas representam um avanço no uso de tecnologia aplicada à prevenção de desastres naturais e refletem a preocupação crescente com os efeitos da crise climática em nível local.
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