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Alta no preço do café impulsiona furtos no interior de Minas Gerais

  • gazetadevarginhasi
  • 26 de mar.
  • 3 min de leitura
Reprodução
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A valorização recorde do café tem provocado um fenômeno inusitado no interior de Minas Gerais, maior produtor mundial do grão: o aumento dos furtos diretamente nas lavouras. Antes preocupados com roubos de máquinas e insumos, cafeicultores agora precisam lidar com criminosos que furtam café ainda no pé, uma nova modalidade de crime rural impulsionada pelos altos preços da commodity.

Atualmente, a saca de 60 quilos ultrapassa R$ 2.500, tornando-se um alvo fácil para criminosos, desde pequenos ladrões a grupos organizados. A situação tem gerado apreensão principalmente entre produtores do Sul de Minas, Triângulo Mineiro e Zona da Mata, regiões onde a cafeicultura sustenta milhares de famílias.

A escalada dos furtos
Nos últimos 12 meses, os casos de pequenos furtos se multiplicaram. Ladrões atuam à noite e sozinhos, para evitar chamar a atenção. Em Ilicínea, um homem foi detido enquanto colhia café diretamente dos pés. Em Campestre, criminosos furtaram grãos durante a madrugada, enquanto, em São Sebastião do Paraíso, até mudas recém-plantadas foram levadas.

O prefeito de São Sebastião do Paraíso, Marcelo Morais (PSD), alertou para o problema:

“Vocês sabem o preço que está o café, né? Já imaginaram como vai ser a segurança desses produtores na próxima safra, com o preço do café lá em cima?”
O aumento nos furtos acompanha a valorização do grão. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP), a saca do café arábica iniciou 2025 cotada a R$ 2.241, um salto expressivo em relação aos R$ 1.003 registrados um ano antes. Em dólares, o valor passou de US$ 204,34 no início de 2024 para US$ 446,68 na última semana.

Impacto na produção e medidas de segurança
O cafeicultor Zuliander Silva, de Alpinópolis, relata que produtores têm investido em câmeras de segurança, cercas e cães de guarda, mas os furtos continuam.
“O roubo no pé me assusta mais do que no barracão. As lavouras ficam longe, e, com o café nesse preço, em meia hora um ladrão consegue levar um saco inteiro”, explica.

Além do prejuízo direto, o furto de café ainda verde pode comprometer a qualidade do produto no mercado. O tema foi amplamente debatido na Femagri, feira organizada pela Cooxupé, maior cooperativa do setor, que reuniu 42 mil visitantes.

O superintendente da Cooxupé, José Eduardo dos Santos Júnior, destaca a razão do aumento dos crimes:

“O ladrão rouba o café pronto porque vale mais. Fertilizante não compensa. Uma tonelada de fertilizante custa R$ 2.500, e um saco de café tem o mesmo valor. Ele carrega sozinho o preço de uma tonelada de insumos.”
Quadrilhas e operações policiais
Além dos furtos pontuais, quadrilhas organizadas também estão de olho no café. Em Jacutinga, a Polícia Civil recuperou, na última quarta-feira (19), uma carga avaliada em R$ 2 milhões, furtada no porto de Santos. No mês passado, sete suspeitos foram presos por envolvimento no roubo de uma carga de café em Lavras.

Outros crimes contra produtores incluem tentativas de sequestro em Conceição da Aparecida, além de roubos em São José da Barra e Campo do Meio. A preocupação chegou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que realizou uma audiência pública no último dia 17 de março para discutir estratégias de segurança.

O deputado estadual Professor Cleiton (PV) alertou para o crescimento da criminalidade na região:
“Estamos vendo quadrilhas se organizando, aproveitando a proximidade com o Rio de Janeiro, onde atua o Comando Vermelho, e com São Paulo, onde opera o PCC.”
Segurança reforçada e mudanças no comportamento
O comandante da 18ª Região da Polícia Militar, coronel Jardel Trajano de Oliveira Gomes, reforçou a necessidade de um trabalho conjunto para conter os crimes rurais:

“A polícia sozinha não consegue resolver. Precisamos da participação das prefeituras, cooperativas, sindicatos e produtores.”
Entre as recomendações para reforçar a segurança estão o uso de cadeados em porteiras, investimentos em monitoramento e mais discrição na venda da produção. A Polícia Civil já conta com 11 delegacias especializadas em crimes rurais e pretende ampliar esse número no Sul de Minas.

Com o café em alta e os criminosos de olho na produção, a segurança no campo se tornou uma preocupação cada vez maior para os cafeicultores mineiros.

Fonte:O tempo

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Gazeta de Varginha

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