Ameaçado, Padilha perdeu protagonismo para Haddad e acumulou episódios de indisposição com Lira
17 de jan.
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Ameaçado pela reforma ministerial à espreita, Alexandre Padilha enfrentou dificuldades na tentativa de se firmar como o articulador do Palácio do Planalto no Congresso Nacional e perdeu protagonismo para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na construção de uma base para votação de proposições caras ao Governo Lula (PT) no Legislativo. A fragilidade da posição de Padilha enquanto ministro das Relações Institucionais o coloca na mira de possíveis mudanças na Esplanada dos Ministérios, enquanto outros articuladores — como os líderes no Congresso, senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Jaques Wagner (PT-BA) — têm lugar garantido no núcleo político lulista.
Outro ponto que enfraquece a permanência de Padilha no cargo é a possibilidade de o PT perder espaço nos ministérios. O partido detém 12 cadeiras, e a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann (PT-PR), admitiu ao "Valor Econômico" que a reforma ministerial pode reduzir o número de pastas controladas pelo PT. Entre os nomes, Padilha é um dos mais frágeis, o que também se justifica pela relação conturbada construída com a Câmara dos Deputados na gestão Arthur Lira (PP-AL).
As desavenças atingiram o ápice em abril passado quando Lira se referiu a Padilha como um desafeto pessoal seu e classificou o ministro como incompetente. A presença de Padilha nos corredores do Congresso Nacional não foi tão frequente nestes dois primeiros anos de Lula III. Com a pauta econômica no centro das negociações, a articulação coube principalmente ao ministro Fernando Haddad — que ostenta bom trânsito com Lira e também com o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) — e aos secretários do Ministério da Fazenda.
Às vésperas de votações determinantes para o Planalto, eram principalmente eles que articulavam os votos necessários ao lado das lideranças petistas no Legislativo. Foi o que ocorreu com propostas como a reforma tributária, a regulamentação do novo regime, a desoneração da folha de pagaento e o pacote de corte de gastos. O próprio presidente Lula precisou contribuir com a articulação política quando a crise das emendas parlamentares atingiu o ápice.
A possibilidade de troca do ministro das Relações Institucionais é alimentada, ainda, pela pressão dos partidos do Centrão para aumentar a presença na Esplanada. Nesse cenário, nomes têm sido cotados para substituir Alexandre Padilha — o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é um deles. Filiado ao PSD de Pacheco e Gilberto Kassab, ele detém a confiança do presidente Lula. Outros políticos também têm ganhado força para disputar o cargo: o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que é do Republicanos, e o líder do MDB na Câmara, deputado Isnaldo Bulhões.
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