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Anatel pode bloquear Amazon e Mercado Livre por anúncios de celulares irregulares


A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pode bloquear o site de gigantes do varejo digital, como Amazon e Mercado Livre, se elas não tirarem do ar anúncios de celulares irregulares. A agência publicou um despacho na última semana que endurece as regras sobre a homologação dos celulares e deu 25 dias para as empresas se adequarem às novas normas.

A homologação dos aparelhos é o que atesta que ele cumpre todas as exigências de qualidade e segurança exigidas pela Anatel. Sem ela, o consumidor não tem garantia de que o aparelho é seguro, o que pode levar a acidentes potencialmente fatais, segundo a agência. "Se com essas medidas conseguirmos salvar uma vida, já terão valido a pena. Os equipamentos não homologados representam um risco", afirma o superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vinicius Caram, em comunicado da agência.

Um levantamento amostral da Anatel revelou que cerca de 51,5% dos anúncios de celular na Amazon são de aparelhos não homologados, seguidos por 42,8% no Mercado Livre, 22,8% na Americanas e 7,7% nas Casas Bahia. São consideradas "não conformes" e, portanto, irregulares, aquelas com percentual acima de 30%. As empresas têm 25 dias para se adequar totalmente às normas e incluir, por exemplo, o número de homologação dos aparelhos nos anúncios de forma ostensiva para o consumidor consultar.

Aquelas que não tomarem medidas iniciais em até 15 dias poderão receber uma multa de R$ 200 mil por dia e, caso o prazo total vença sem qualquer atitude, os sites poderão ser bloqueados pela Anatel. Em nota, a agência destaca que insiste com as empresas há quatro anos para a regularização do mercado. “A lei não tem preço. Deve ser cumprida sem discussão”, pontua o presidente da Anatel, Carlos Baigorri.

A Amazon afirma que tem medidas de controle para coibir anúncios de celulares não homologados. Ela diz, ainda, estar “surpresa” com a medida cautelar publicada pela agência reguladora, pois a empresa sempre teria cooperado com a Anatel. A Americanas também destaca que combate as irregularidades detectadas. As Casas Bahia enfatizaram que estão em conformidade com as regras da Anatel (com menos de 30% de anúncios irregulares). A reportagem procurou as demais empresas citadas pela Anatel e atualizará a matéria com as respostas enviadas.

Resposta da Americanas
“A Americanas informa que aderiu à iniciativa da Anatel desde 2021 e que mantém conversas com o órgão, junto com outros varejistas, para combater a venda de smartphones contrabandeados em suas plataformas de marketplace. A companhia vem realizando a adequação dos anúncios com a informação do código de homologação, conforme regras estabelecidas pela agência, além de contar com um sistema automatizado para derrubada de anúncios desconformes e manter o monitoramento constante de produtos que necessitam de certificação. A Americanas ressalta que, quando identificada qualquer irregularidade, atua na exclusão dos mesmos e está comprometida em manter uma relação próxima com a agência para garantir a conformidade no prazo mais rápido possível".

Resposta da Amazon
“A Amazon atua com os mais elevados padrões de qualidade a fim de atender aos seus clientes e à legislação aplicável. A empresa coopera com as autoridades locais e responde rapidamente às agências reguladoras, como parte do seu compromisso de manter a confiabilidade dos produtos ofertados a seus clientes. E não foi diferente com a Anatel. A Amazon Brasil partilha da mesma preocupação da Agência no sentido de que os consumidores sejam priorizados e tenham uma experiência de compra segura e de qualidade. A empresa sempre se posicionou aberta ao diálogo e manteve inúmeras interações (reuniões, consultas, mensagens) para manter a Agência informada sobre todas as evoluções realizadas com relação ao tema, e da necessidade de aprimoramento da base de dados da Anatel para permitir uma maior assertividade e escalabilidade do controle das ofertas. Entre as ações tomadas pela Amazon Brasil estão:

1. Implantação da obrigatoriedade do preenchimento do número de homologação da Anatel durante o cadastro do produto por todos os vendedores parceiros do nosso serviço de marketplace, em vigor desde 31 de outubro de 2023;
2. Realização de remoções de aparelhos celulares listados na Amazon.com.br que não comprovaram ter um código de homologação da Anatel, trabalho que segue incorporado às nossas práticas rotineiras de controle;
3. Frequente realização de varreduras em nosso catálogo que levam em consideração os requisitos para listagem na Amazon.com.br, seguida pela notificação dos vendedores parceiros responsáveis pelas ofertas e eventual suspensão de suas lojas;
4. Treinamento e capacitação de vendedores parceiros e fornecedores sobre os requisitos para listagem de produtos, enfatizando a relevância do código de homologação e orientando-os sobre o preenchimento adequado das informações durante o processo de cadastro dos produtos.

A Amazon recebe com surpresa a medida cautelar expedida pela Anatel hoje, uma vez que ela não reflete os esforços colaborativos empenhados pela Amazon Brasil em tratativas com a própria Agência durante todo esse período.

O combate aos produtos irregulares depende da cooperação do próprio Poder Público, a começar pela disponibilização de uma base de dados de produtos certificados que seja completa e que permita o aprimoramento dos processos de verificação da conformidade das ofertas”.

Resposta das Casas Bahia
"A companhia informa que está em conformidade com as normas da Anatel para a venda de celulares no comércio eletrônico. Reforça ainda que possui uma área de regulamentação interna que segue as diretrizes de compliance do Grupo e faz toda verificação do histórico dos lojistas que entram no marketplace, assim como seus produtos comercializados, mantendo operantes apenas parceiros que atendem aos requisitos legais e às exigências da empresa. Além disso, a Casas Bahia tem um trabalho colaborativo e em parceria com as grandes indústrias e demais órgãos reguladores. O foco da companhia está em parcerias sustentáveis, compliance e de longo prazo, garantindo sempre a melhor qualidade aos clientes".
Fonte: O Tempo

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