Avanços no Melhoramento Genético do Cafeeiro Prometem Novas Cultivares e Sustentabilidade
O melhoramento genético do cafeeiro é fundamental para aumentar a produtividade, garantir resistência a pragas e doenças, desenvolver tolerância a estresses abióticos, aprimorar a adaptação ao ambiente de cultivo e a qualidade da bebida.
Nos últimos anos, várias conquistas foram obtidas por meio de pesquisas focadas em cultivares adaptadas às diversas regiões do país. A EPAMIG, que há cinco décadas se dedica ao desenvolvimento de novas tecnologias agropecuárias, já registrou 21 cultivares de café com características diversas de interesse para cafeicultores e consumidores, em colaboração com universidades e outras instituições de pesquisa. A instituição continua a avaliar novos materiais.
Apesar dos avanços, a pesquisadora da EPAMIG, Vanessa Figueiredo, destaca a necessidade de maior investimento em pesquisas e na difusão de tecnologia. "O melhoramento genético é uma ferramenta essencial para enfrentar os desafios da produção de café, assegurando a viabilidade econômica e ambiental do cultivo", afirma. Vanessa também nota que o interesse por cultivares mais tolerantes ao déficit hídrico e com maior potencial para produção de cafés especiais tem crescido, impulsionado por mudanças climáticas e pela demanda por alta qualidade.
Ela ressalta que esse foco não se limita apenas à produtividade, mas também abrange características como porte da planta, época de maturação, uniformidade da maturação, tamanho dos grãos, rendimento, perfis de sabor e aroma, além de promover práticas sustentáveis que valorizem o produto.
Um aspecto crucial do melhoramento genético é a hibridação, que envolve cruzamentos de diferentes materiais, que, de acordo com o pesquisador César Botelho, pode ser realizado até de forma manual. "Realizamos a emasculação dois a três dias antes da florada, retirando a parte masculina da flor, o que evita a polinização natural e assegura um controle mais rigoroso sobre os cruzamentos. Protegemos o ramo com um saco de papel e, no dia da abertura da flor, realizamos a polinização manual com o pólen de cultivares desejadas", explica.
Recentemente, a equipe, composta por César Botelho, Vanessa Figueiredo e Dênis Nadaleti, executou esse procedimento em exemplares cultivados no Campo Experimental de Três Pontas. "Todo o processo foi meticulosamente demarcado para acompanhamento posterior e coleta dos frutos até a colheita. É uma prática que exige muita dedicação e que poderá resultar em uma nova cultivar no futuro", conclui Dênis.
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