Barreiro é a região com maior representação na Câmara de BH
23 de dez. de 2024
Reprodução
A partir de 2025, a regional do Barreiro será a mais representada na Câmara Municipal de Belo Horizonte, de acordo com uma pesquisa realizada pela reportagem de O TEMPO. Entre os 41 vereadores eleitos, nove indicaram o Barreiro como sua base eleitoral. A segunda região mais mencionada foi a Nordeste, com seis representantes, seguida pela Norte, com cinco. As regiões Venda Nova, Leste, Oeste, Noroeste e Centro-Sul foram citadas por quatro vereadores cada, enquanto a Pampulha apareceu em três respostas. Alguns vereadores citaram mais de uma região como base, sete não especificaram uma região, alegando uma votação mais espalhada pela cidade, e dois não responderam. Os critérios usados pelos parlamentares para definir suas bases eleitorais foram a votação obtida, o local de residência e de trabalho, além da atuação em determinadas áreas. Apesar disso, os vereadores destacaram que, embora tenham uma base específica, todas as regiões da cidade serão abordadas no trabalho da Câmara.
Segundo Robson Souza, professor e especialista em ciências políticas da PUC Minas, é fundamental que vereadores representem uma área específica em grandes cidades como Belo Horizonte, mas sem transformar a região em um "curral eleitoral". Ele explica que isso cria uma proximidade entre o político e os eleitores, pois há várias realidades dentro de uma mesma cidade. Entretanto, o parlamentar não pode focar exclusivamente naquele grupo ou utilizar táticas manipulativas para garantir um eleitorado passivo. Além disso, com o uso das redes sociais, muitos vereadores passaram a representar causas em vez de apenas territórios, com suas bases eleitorais independentes de bairros e regiões.
Para Manoel Wanderley dos Santos, professor de ciências políticas da UFMG, essa mudança na forma de representação não é negativa. Ele argumenta que a base eleitoral pode ser formada a partir de pautas como segurança pública ou educação, destacando que a representação regional é apenas uma parte do processo, e alguns vereadores têm apoio em várias regiões.
A maior representação do Barreiro na Câmara não surpreende, pois a população da região tem uma forte identidade com seus bairros e uma tradição política consolidada. O Barreiro, com 278,1 mil habitantes (dados do IBGE) e cerca de 235 mil eleitores (segundo o TRE), é o maior colégio eleitoral da cidade. "O Barreiro tem uma identidade própria, quase como uma cidade independente", afirma Robson Souza, ressaltando que, ao longo da história, a região buscou até autonomia de Belo Horizonte.
Juliano Lopes (Podemos), vereador e candidato à presidência da Câmara, é um dos representantes do Barreiro. Nascido e residente na região, ele destaca o crescimento do Barreiro e a necessidade de melhorias em áreas como mobilidade e saúde, citando a superlotação dos postos de saúde. Iza Lourença (PSOL), também moradora da região e idealizadora do projeto Consciência Barreiro, enfatiza a importância de valorizar a cultura local e aumentar os investimentos em urbanização para atender à população em risco.
A atenção para as periferias também foi mencionada por vários vereadores. Bruno Pedralva (PT) afirmou que sua base vem das vilas e favelas e seu foco será melhorar a infraestrutura dessas áreas, garantindo acesso à saúde, transporte público de qualidade e moradias populares, com a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida. Edmar Branco (PCdoB) e Helton Junior (PSD) também destacaram a necessidade de obras de infraestrutura e melhorias na mobilidade, especialmente nas comunidades periféricas e nas áreas que fazem fronteira com a região metropolitana. Iza Lourença (PSOL) também destacou a importância de melhorar o transporte coletivo e a infraestrutura nas comunidades periféricas.
Na região Centro-Sul, Pedro Rousseff (PT) e Uner Augusto (PL) ressaltaram a desigualdade social e a necessidade de investir nas favelas, mencionando a segurança pública e o saneamento básico como questões prioritárias.
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