Bolsa fecha em alta e dólar recua, com expectativa por ata do Copom
A Bolsa brasileira fechou em alta de 0,52%, a 128,261,00 pontos, na segunda-feira (13), com investidores de olho no calendário macroeconômico da semana e em mais uma bateria de balanços corporativos.
Já o dólar recuou 0,12%, cotado a R$ 5,151 na venda, em sessão volátil para a moeda norte-americana.
A semana começa com investidores atentos à publicação da ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), esperada para terça-feira, e à divulgação de novos dados da inflação dos Estados Unidos, na quarta.
O BC, na semana passada, decidiu pela redução em 0,25 ponto percentual da taxa Selic, indo de 10,75% para 10,50% ao ano. Por seis reuniões consecutivas, o entendimento da autarquia foi unânime em cortar os juros em 0,5 p.p., mas as conjunturas doméstica e externa levaram à desaceleração do ritmo algo já precificado pelo mercado.
A surpresa, porém, esteve na divisão do Comitê: todos os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram favoráveis à redução de 0,5 p.p., enquanto os outros cinco dirigentes optaram pela de menor magnitude.
A divisão interna no Copom levantou temores sobre mudanças no perfil do colegiado, possivelmente mais leniente em relação à inflação, e sobre um possível viés político na autarquia a partir de 2025, quando será formado um novo mandato. A expectativa é que a ata explique o porquê da divisão e ajude a calibrar expectativas para os próximos encontros.
"Apesar da divisão dos votos, o comunicado foi aprovado de forma unânime pelos diretores, deixando para a ata o trabalho de explicitar a origem da dissidência. O comportamento das expectativas para a inflação deverá ser o ponto de atenção dos investidores a partir de agora. A pesquisa Focus de hoje já deverá dar algum sinal nesta direção", avalia José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos.
No relatório publicado nesta segunda, economistas consultados pelo BC passaram a prever que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do país, encerre o ano em 3,76%, um aumento de 0,04 p.p. em relação à previsão anterior. Essa é a primeira semana de ajuste para cima, após uma sequência de quatro semanas de queda.
A projeção para a Selic também subiu: a expectativa é que encerre 2024 em 9,75%, 0,12 p.p. maior do que a previsão da semana anterior.
Em resposta, as taxas de juros futuros fecharam o dia próximas da estabilidade, na esteira da queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, chamados de "Treasuries".
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 10,32%, ante 10,306% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,59%, ante 10,567% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,98%, ante 10,964%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 11,29%, ante 11,2%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,72%, ante 11,743%.
Outro destaque do calendário é a divulgação de dados da inflação ao consumidor dos Estados Unidos na quarta-feira, que podem definir as expectativas para cortes de juros no país.
O núcleo do índice de preços ao consumidor deve ter subido 0,3% em abril sobre o mês anterior e 3,6% na base anual, de acordo com estimativas de economistas consultados pela Reuters.
A semana também trará leituras de preços ao produtor e dados de vendas no varejo dos EUA, bem como falas de dirigentes do Federal Reserve, num momento de grande atenção dos mercados a qualquer pista sobre quando será o primeiro ajuste na política monetária norte-americana.
Atualmente, expectativas implícitas no mercado futuro de juros sugerem que o Fed fará seu primeiro corte em setembro.
Em geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e quanto menos o BC afrouxar a política monetária local, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de "carry trade", em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.
Na cena corporativa, investidores seguiram de olho em mais uma bateria de balanços. BTG Pactual anunciou lucro líquido ajustado de R$ 2,89 bilhões no primeiro trimestre, ante R$ 2,26 bilhões um ano antes. "Os resultados do BTG mostraram resiliência mais uma vez, entregando bons resultados, com resultado final um pouco acima da nossa estimativa", afirmaram analistas do Safra.
Os papéis do banco avançaram 1,94% após a divulgação.
Em destaque, a Azul mostrou recuperação no balanço dos primeiros três meses do ano, reportando prejuízo líquido 55,4% menor do que no mesmo período do ano passado, em R$ 324,2 milhões. Analistas do Bradesco avaliaram que a companhia aérea teve forte desempenho operacional, e, em resposta, as ações da Azul subiram 1,72%.
Também na ponta positiva, Vale avançou 0,87%, em linha com os preços futuros do minério de ferro na China. CSN Mineração encerrou com ganhos de 8,68%.
As ações preferenciais da Petrobras encerraram o pregão sem alteração, ao passo que as ordinárias tiveram baixa de 0,34%.
YDUQS desabou 11,21%, mesmo após reportar lucro líquido ajustado de R$ 173 milhões, alta de 11,2% ano a ano.
Analistas do Santander destacaram como pontos negativos o volume "decepcionante" para o segmento presencial e a deterioração das provisões para devedores duvidosos. Do lado positivo, apontaram que o segmento premium continua forte e os preços para os alunos de nível superior aumentaram acima da inflação em todos os segmentos.
LWSA recuou 3,25%, a resseguradora IRB, 3,22%, e GPA, 2,58%.
Na sexta-feira (10), o Ibovespa fechou em queda de 0,46%, a 127.599,57 pontos, e o dólar subiu 0,29%, cotado a R$ 5,157 na venda.
Ao todo, a Bolsa acumulou queda de 0,68% na última semana, e o dólar avançou 1,75%.
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