Bolsa fecha em queda, aos 118 mil pontos, pressionada por Vale e Petrobras; dólar sobe a R$ 6,18
Na sexta-feira (3), o dólar fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 6,182, em meio a preocupações dos investidores com o cenário externo e as finanças públicas do Brasil. Embora a moeda tenha atingido uma mínima de R$ 6,135 pela manhã, inverteu a tendência no início da tarde. O volume de negociações foi baixo devido ao feriado de Ano Novo.
Já a Bolsa de Valores registrou queda de 1,33%, fechando aos 118.532 pontos, pressionada pelas perdas de Vale e Petrobras, as duas maiores empresas do índice.
Em um dia sem dados econômicos relevantes no Brasil, o mercado voltou seus olhos para o exterior, especialmente para a China e os Estados Unidos. A economia chinesa voltou a gerar preocupações entre os investidores, especialmente devido a crises imobiliárias, alta dívida do governo e demanda fraca. A China, maior importadora de commodities do mundo, enfrenta desafios econômicos e a possibilidade de uma guerra comercial com os EUA sob o novo governo de Donald Trump.
O presidente eleito prometeu aumentar tarifas sobre produtos chineses, o que poderia afetar ainda mais as exportações chinesas.
Em resposta, o governo chinês anunciou medidas de estímulo fiscal, incluindo o aumento do financiamento de títulos do tesouro ultralongos para incentivar o investimento empresarial e o consumo interno. Também foram lançados programas que oferecem subsídios para a troca de veículos e eletrodomésticos, além de novos incentivos à compra de produtos digitais. No entanto, a possível desvalorização do iuan devido a cortes nas taxas de juros chinesas poderia impactar ainda mais moedas emergentes como o real.
Esse desempenho econômico da China tem grande impacto sobre países exportadores de commodities, como o Brasil. O preço do minério de ferro caiu 2,18% em Dalian, o que afetou negativamente as ações da Vale na B3, que perderam quase 2%.
Nos Estados Unidos, as promessas de Trump de aumentar tarifas e realizar deportações em massa são vistas como fatores inflacionários que poderiam forçar o Federal Reserve (Fed) a manter juros altos, o que fortaleceria o dólar e prejudicaria as economias de mercados emergentes.
No Brasil, o principal fator de preocupação continua sendo o cenário fiscal. Em 2024, o país registrou um fluxo cambial negativo de US$ 15,918 bilhões, o terceiro maior da série histórica do Banco Central, que iniciou em 2008.
Os investidores temem que o governo brasileiro esteja utilizando receitas pontuais para cobrir seus gastos crescentes, o que pode comprometer a sustentabilidade do ajuste fiscal. O Congresso Nacional aprovou no final de 2023 uma série de medidas de contenção de gastos, com uma economia estimada de R$ 70 bilhões para 2025-2026. No entanto, o pacote foi enfraquecido durante a tramitação, e agora estima-se que até R$ 20 bilhões da economia projetada podem não ser alcançados.
O mercado espera mais ajustes fiscais, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que há espaço para cortes adicionais nas despesas públicas.
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