Brasil e Vietnã enfrentam desafios climáticos e pressionam os preços do café
gazetadevarginhasi
17 de mar.
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A escassez na oferta de café devido às condições climáticas adversas nos dois maiores produtores globais, Brasil e Vietnã, tem levado a um aumento significativo nos preços da commodity. De acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), os problemas climáticos estão impactando diretamente a produção e, consequentemente, os preços do café no mercado internacional.
Mais da metade do café consumido no mundo vem desses dois países. Quando a produção é interrompida, os efeitos sobre o mercado são imediatos e significativos. A FAO alerta que os aumentos de preços repassados aos consumidores deverão perdurar, mesmo que haja uma eventual redução das cotações no curto prazo.
"Infelizmente, 2024 foi a tempestade perfeita para impulsionar os preços do café, com condições climáticas muito ruins tanto no Brasil quanto no Vietnã", afirmou El Mamoun Amrouk, economista sênior da FAO.
No Vietnã, uma seca prolongada causou uma queda de 20% na produção da safra passada, que terminou em setembro de 2024. Além disso, a retenção da produção por parte de alguns agricultores, devido ao aumento dos preços internos, agravou ainda mais a situação. No Brasil, as altas temperaturas e a falta de chuvas levaram a constantes revisões para baixo das previsões de produção, que inicialmente indicavam um crescimento de 5,5% na safra anterior, mas terminaram com uma redução de 1,6%.
As preocupações com o clima e os impactos na colheita tanto no Brasil quanto no Vietnã elevaram os preços do café nos últimos meses de 2024. Se os declínios na produção persistirem, os preços podem continuar subindo em 2025, como alertado pela FAO.
Embora o Vietnã tenha boas perspectivas para a nova safra, o Brasil enfrenta dificuldades contínuas, com as plantações ainda ressentindo os efeitos da seca de 2024. As primeiras previsões oficiais apontam para uma redução de 4,4% na produção brasileira para o próximo ciclo.
Por outro lado, a demanda global por café também tem sido um fator relevante no aumento dos preços. Após a recuperação econômica pós-pandemia, o consumo global de café aumentou, especialmente nos mercados emergentes. Nos países desenvolvidos, a demanda tem permanecido constante, independentemente das flutuações do mercado. Além disso, o aumento nos custos de envio no primeiro semestre de 2024 contribuiu ainda mais para a alta dos preços.
Os consumidores já estão sentindo o impacto dessa valorização. Nos Estados Unidos e na União Europeia, os preços do café subiram 6,6% e 3,8%, respectivamente, em comparação com o ano anterior. A FAO explicou que, embora os preços internacionais possam cair no curto prazo, os aumentos repassados aos consumidores devem persistir por mais tempo.
'Os futuros de café arábica na Bolsa de Nova York subiram mais de 20% em 2025, com o preço alcançando um recorde de 438 cents de dólar por libra-peso em fevereiro, mais do que o dobro do valor registrado no ano anterior.
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