Brasil eleva mistura de etanol na gasolina para 30% e prevê impacto positivo nos preços

Em reunião extraordinária realizada nesta quarta-feira (25), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu elevar de 27% para 30% a mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina, instituindo o chamado E30. Além disso, o percentual de biodiesel no diesel comum também foi aumentado, de 14% para 15%.

A medida, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), pode reduzir o preço da gasolina em até R$ 0,11 por litro. No caso do diesel, porém, não há previsão de impacto nos preços. O ministério também estima que essas mudanças movimentem R$ 10,4 bilhões no setor.

A elevação no percentual de biodiesel, por sua vez, deve gerar cerca de R$ 5,2 bilhões em investimentos, especialmente em novas usinas e esmagadoras de soja. Para assegurar a viabilidade técnica da iniciativa, o MME, em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia, conduziu estudos que comprovam que os veículos podem operar com as novas proporções sem sofrer danos.

A decisão está amparada pela lei do Combustível do Futuro (14.993/24), sancionada por Lula em outubro de 2024. A legislação permite, no limite, até 35% de etanol na gasolina e até 25% de biodiesel no diesel comum.

O CNPE também sugeriu à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que aumente o índice mínimo de octanagem da gasolina C de RON 93 para RON 94, o que melhora a resistência do combustível à detonação.

O anúncio foi bem recebido por entidades do setor. A Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio) comemorou a medida, destacando impactos positivos na produção de proteínas e na geração de empregos. Já a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) estima um aumento de 150 mil toneladas na demanda por óleo de soja no último trimestre de 2025.

Segundo a FPBio, o biodiesel é menos vulnerável a choques internacionais, pois o preço da soja é mais estável que o do petróleo.