Cacau ganha espaço em Minas: levantamento inédito da Emater revela avanço da cultura no Norte do estado
Elisa Ribeiro
9 de out.
2 min de leitura
Divulgação Emater
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) iniciou, neste ano, o primeiro levantamento sobre a produção de cacau no estado. Os dados, que começaram a ser coletados em março, revelam que a cultura está ganhando força em solo mineiro, especialmente na região Norte.
De acordo com o coordenador técnico de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio, a iniciativa surgiu após técnicos identificarem o aumento do interesse de produtores pelo plantio de cacau. “Recebemos essa demanda das equipes do interior ao observarmos que muitos agricultores estavam começando o cultivo. Por isso, decidimos incluir o cacau em nosso levantamento de safra. O estudo ajuda na formulação de políticas públicas e permite identificar as áreas produtoras para futuros compradores”, explica.
Atualmente, Minas Gerais conta com cerca de 480 hectares cultivados e uma produção anual estimada em 161 toneladas de cacau. No entanto, a Emater-MG acredita que esses números podem crescer, já que novas áreas estão sendo identificadas.
O Norte de Minas concentra a maior parte da produção. O município de Jaíba lidera com 256 hectares plantados — o equivalente a 53,3% da área estadual. Na sequência aparecem Janaúba (120 hectares), Bandeira (64 hectares) e Matias Cardoso (25 hectares).
Clima e cultivo
O cacaueiro se desenvolve melhor em regiões de altas temperaturas e baixa umidade, mas exige irrigação constante. Segundo Sanábio, muitos produtores têm adotado o sistema consorciado com banana, aproveitando a estrutura de irrigação já existente.
“O cacau não tolera ventos fortes nem o frio. Já regiões com muita umidade favorecem doenças como a vassoura-de-bruxa. Por isso, as áreas irrigadas do Norte de Minas são ideais para a cultura. É importante, porém, que o produtor tenha conhecimento técnico, pois o cacau exige cuidados e investimentos. Após a colheita, é necessário passar por fermentação, secagem e armazenamento adequados”, orienta.
Outro desafio apontado pela Emater-MG é a escassez de mudas, o que exige planejamento antecipado. Os primeiros frutos aparecem entre dois e três anos após o plantio, mas a produção comercial só se consolida a partir do quarto ano.
Futuro promissor
Em Janaúba, a empresa Rimo Agroindustrial Ltda investiu mais de 100 hectares em cacau, com o objetivo de substituir, gradualmente, as lavouras de banana.
“Com as mudanças climáticas e a expansão da banana-prata para outras regiões, decidimos apostar no cacau, que é uma commodity com mercado estável e boas oportunidades de comercialização. O produto pode ser armazenado e negociado com mais flexibilidade”, explica o gestor Geraldo Pereira da Silva.
Segundo ele, as vendas já ocorrem para indústrias da Bahia e de Minas Gerais, e as perspectivas são otimistas. “Acredito que, em sete a dez anos, teremos entre 8 mil e 12 mil hectares de cacau plantado no Norte de Minas. A região deve se tornar um importante polo produtor, com alta qualidade e produtividade”, projeta o empresário.
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