Choque entre Carter e a ditadura militar levou ao pior momento das relações entre Brasil e EUA
Um duro embate entre o presidente Jimmy Carter (no cargo entre 1977 e 1981) e a ditadura militar marcou o pior momento das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
Eleito em 1976, o presidente democrata colocou o desarmamento nuclear e a defesa dos direitos humanos no centro de sua política externa. Ele morreu no domingo (29) aos 100 anos
Os dois assuntos eram muito sensíveis para o então presidente Ernesto Geisel e os militares brasileiros, que negavam ao mundo os casos de abuso dos direitos humanos, tortura e censura da imprensa. O governo também queria usar a energia nuclear para fins civis e militares, especialmente para a propulsão de submarinos da Marinha do Brasil.
Durante sua campanha eleitoral,Carter chegou a criticar o Brasil pelos casos de tortura e prisões arbitrárias que aconteciam no período.
O embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente, lembra que acompanhou de perto a campanha americana daquele ano, quando servia como diplomata ainda em início de carreira no setor político da embaixada brasileira em Washington.
“Ainda como candidato, Carter manifestou oposição ao acordo de cooperação nuclear do Brasil com a Alemanha (que levou à construção dos reatores das usinas nucleares em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro). Ele achava que isso era um perigo para a proliferação de armas nucleares. Ele também criticou o problema dos direitos humanos do Brasil na época, depois das mortes do operário Manuel Fiel Filho e do jornalista Vladimir Herzog”, lembra o embaixador.
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