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Clínicas vendem Mounjaro ilegalmente antes da chegada às farmácias no Brasil

  • gazetadevarginhasi
  • 2 de mai.
  • 3 min de leitura
Reprodução
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O medicamento Mounjaro, conhecido como “caneta emagrecedora”, só deve chegar às farmácias brasileiras na segunda quinzena de maio, mas clínicas de estética já estão comercializando o produto de forma irregular no Maranhão e no Piauí. O g1 encontrou o remédio sendo vendido por dose fracionada, sem prescrição médica, contrariando as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As vendas ocorrem por meio de redes sociais e WhatsApp, com direito a “bioimpedância grátis” e “consulta” — que, em vez de ser realizada por médicos, é feita por uma nutricionista ou pela proprietária da clínica. Em Teresina (PI), o acompanhamento é feito pela dona do estabelecimento, enquanto em São Luís (MA), uma biomédica faz a entrega do medicamento via delivery.

De acordo com as regras da Anvisa, há diversas ilegalidades na prática:
  • Apenas farmácias e drogarias podem comercializar o Mounjaro;
  • A embalagem registrada não é fracionável, ou seja, a venda por dose é proibida;
  • A venda só pode ocorrer com prescrição médica.
O Mounjaro é fabricado pela farmacêutica norte-americana Eli Lilly, que afirma que o medicamento ainda não está disponível legalmente no Brasil. Em carta aberta, a empresa alerta que qualquer produto à venda atualmente pode ser falsificado ou ter origem desconhecida, representando risco grave à saúde dos pacientes. “Versões manipuladas ou falsificadas podem causar eventos adversos potencialmente fatais”, destaca o comunicado.

Autorizado pela Anvisa em 2023 para tratamento de diabetes tipo 2, o Mounjaro tem como princípio ativo a tirzepatida. Apesar de ainda não ter liberação para uso como emagrecedor no país, médicos podem prescrevê-lo com esse objetivo, desde que avaliem benefícios e riscos individualmente.

Em uma das clínicas flagradas, localizada em Teresina, a dona afirmou que testou o medicamento antes de vender. “Eu perdi 21 kg. Fiz primeiro em mim para depois vender. Queria saber o que meus clientes sentiriam”, disse Lanna Coelho, que oferece pacotes mensais com quatro aplicações e suplementação de vitaminas e minerais.

A clínica afirma ter um método próprio de emagrecimento patenteado, chamado “Peso Certo”, com acompanhamento por equipe multidisciplinar. No entanto, em conversa informal pelo WhatsApp com a equipe de reportagem, a funcionária indicou que o atendimento era feito exclusivamente pela nutricionista, sem médicos. A propaganda mencionava “estoque limitado” do medicamento.

Já em São Luís, o remédio é entregue por delivery, acondicionado em isopor com gelo. A atendente explicou, sem saber que falava com uma jornalista, que a dose era extraída da embalagem original com seringa. A médica Simone Van de Sande Lee, diretora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, alerta para os riscos dessa prática: “Não há garantia de procedência nem segurança no manuseio. A aplicação deve ser feita com titulação e supervisão médica”.

A farmacêutica Eli Lilly enfatiza que não fornece o medicamento a farmácias de manipulação, clínicas, spas ou e-commerces. Apenas pessoas físicas podem importar o produto legalmente, mediante receita médica válida.
Dados da Receita Federal mostram que o contrabando do Mounjaro aumentou em 2025. O valor das canetas apreendidas no primeiro trimestre (R$ 1,2 milhão) já supera em 74% todo o ano de 2024. A Polícia Federal apreendeu 1.313 unidades nos últimos 12 meses, sendo 1.079 apenas neste ano.

Com a previsão de chegada oficial do Mounjaro às farmácias em maio, a Anvisa determinou que, a partir de julho, a receita médica para aquisição do medicamento e de outras canetas emagrecedoras deverá ser retida. A medida visa maior controle após relatos de reações adversas: até 19 de março, foram 51 notificações relacionadas à tirzepatida.

Fonte:G1

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Gazeta de Varginha

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