Coach é preso por liderar esquema irregular de nutrição e emagrecimento
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Um coach de emagrecimento foi preso, em Santa Catarina, suspeito de comandar uma organização criminosa que vendia serviços irregulares de nutrição e medicina. Conforme informações divulgadas pela Polícia Civil, nesta sexta-feira (25/08), a organização criminosa contava com a participação de profissionais de saúde e contrabandistas.
O suspeito Felipe Francisco, 39 anos, já havia sido condenado por atuar como nutricionista sem ter formação na área em 2019. Ele é proprietário da F Coaching, clínica estética de luxo com filiais em Joinville, no Norte catarinense, e Balneário Camboriú. As unidades estão fechadas temporariamente e o empresário está preso desde o dia 15 de agosto.
O coach é suspeito de encaminhar prescrições médicas falsas e superfaturar com venda casada de fórmulas feitas por ele, mesmo sem formação. Além disso, para não levantar suspeitas, o homem começou a fazer parcerias com nutricionistas, médicos e biomédicos para as prescrições indevidas de anabolizantes, emagrecedores e fitoterápicos. Eles também aplicavam injetáveis dentro de suas clínicas.
Nas redes sociais das clínicas de Felipe, há publicações sobre emagrecimento, além de fotos com supostos resultados de clientes que adquiriram os serviços da rede.
Até o momento, 13 pessoas foram presas preventivamente, incluindo familiares, amigos e "seguidores" do coach. No total, há mais de 40 investigados no caso.
A PCSC considera o caso como “complexo”, já que envolve criminosos que atuam em diversas funções para dar funcionamento no esquema, incluindo pessoas que agem fora do Estado e país.
"Cada um deles desempenha o seu papel dentro disso. Tem as pessoas que fazem o atendimento final ao paciente, tem aqueles que precisam cooptar os pacientes, tem os que produzem o medicamento e os que trazem o medicamento que não é vendido no Brasil, de maneira ilícita", explicou Gattaz.
Protocolos de emagrecimento
O coach entrou no radar da Justiça, em 2017, após diversas denúncias de pacientes por taquicardia, disfunção erétil e manchas pelo corpo.
Em depoimento à polícia, uma vítima relatou ter ficado internada por oito dias na UTI de um hospital após ingerir apenas duas cápsulas do tratamento receitado pelo empresário. Conforme Gattaz, nem os médicos conseguiram identificar a composição do remédio utilizado.
Os comprimidos foram encaminhados para análise.
Em buscas, nas clínicas do coach e demais unidades de saúde investigadas foram apreendidas mais 50 substâncias diferentes que utilizadas pelo coach em um sistema que ele chamava de “protocolos”. As consultas não tinham um valor fixo e o preço era definido conforme o perfil e poder aquisitivo do paciente.
"Os pacientes muitas vezes não tinham acesso ao que estavam ingerindo. Com isso, ele conseguia criar um composto que, na verdade, no mercado, tem um custo de R$ 50, por exemplo, e vendia na clínica por R$ 250", explica.
Nesses protocolos ele receitava, principalmente, emagrecedores e produtos para ganho de massa muscular sem aval de profissionais da saúde. Há também a suspeita que alguns desses medicamentos eram comercializados fora do prazo de validade, não eram refrigerados corretamente e eram reaproveitados em outro paciente após abertos.