Não vamos falar de política, mas é fato que, com a entrada do atual governo, as verbas destinadas aos meios culturais foram destravadas e começaram a chegar aos seus destinos de fato – as mãos dos artistas e demais promotores de cultura.
Com isso, no meio das ARTES, eu que também sou do nicho, pude descobrir quem é quem.
Conheci pessoas de todas as personalidades, de todas as articulações, capazes de produzirem altas performances culturais; outros apenas enfiaram os fomentos nos bolsos e devolveram à sociedade apresentações tacanhas e fakes, feitas a portas fechadas, mas tudo isso faz parte da RODA DA VIDA.
Muitos mecanismos de articulações que não existiam foram criados – aqui, em Varginha, o tão sonhado Conselho Municipal de Políticas Públicas Culturais, que estava parado há mais de 10 anos, a toque de caixa se firmou, afinal, para receber verbas de outras esferas é necessário ter um SISTEMA completo implementado.
Hoje analiso o conselho à distância.
Muitos ativistas das artes sempre foram ferrenhos em suas demandas e altamente críticos no cenário das ações políticas, mas para conseguir uma cadeira nos conselhos as pessoas são capazes de qualquer coisa, assim como muitos candidatos em período de campanha, ou seja, o sistema é corrompido porque a própria sociedade pede por corrupção.
Atualmente, os conselheiros titulares e suplentes navegam em navios sem rumo.
Vários conselheiros renunciaram, inclusive eu.
Alguns representantes titulares de cadeiras foram legitimados por pessoas que nem do segmento representado eram, aliás toda a população, independente de ser da classe artística pode votar, o que é democrático, mas favoreceu, no caso, os espertalhões.
Mas acredito em mudanças!
Creio que todos os começos são complexos e que, acima de tudo, as pessoas são complexas.
Muitos assumem compromissos diante de uma sociedade inteira, mas acabam por legislar em benefício próprio, mas isso tudo faz parte da construção de algo melhor.
A vida é um lego... talvez um colorido mosaico, onde as peças vão dando forma a tudo conforme vamos montando aquilo que desejamos construir.
Outra coisa que me preocupa muito, diante das gordas verbas culturais é o uso descarado da palavra COLETIVO – há entidades que possuem “EUQUIPE”, mas batem no peito em nome de um conjunto de artistas que dizem abrigar.
Faço parte de uma classe, que para mim é por deveras NOBRE – A LITERATURA.
A arte de escrever abraça uma cadeia enorme de profissionais e, quando falo em nome de um COLETIVO tenho noção absoluta da semiótica da palavra.
Quando saio da minha casa, do sossego e harmonia do meu LAR, onde está o meu coração, responsável por todas as emoções que derramo na minha escrita e procuro o poder público, realmente é para solicitar algo em nome de um coletivo que precisa ser visto, considerado e representado.
Com essas verbas muitos atravessadores surgiram e, isso me incomoda. Atravessadores incomodam em qualquer âmbito da sociedade: comércio, indústria e até cultura.
Vejo artistas participando de editais, apresentando espetáculos que não foram confeccionados por eles, mas que foram comprados como objeto cultural para devolverem à sociedade.
Enquanto uns criam um espaço do audiovisual com maestria, produzindo verdadeiramente seus filmes com uma equipe gigantesca, outros se dão o título do audiovisual comprando filmes para passarem em suas salas itinerantes, ou comprando peças teatrais para apresentarem ao público, deixando de incentivar artistas locais que sofrem para manter uma companhia de atores e demais profissionais.
O próprio poder público não compreende a CULTURA.
Políticos que são eleitos para representarem a sociedade, em sua maioria não conhecem os conceitos e o por quê da existência da ARTE de da CULTURA, achando aviltante os valores destinados ao setor cultural, dizendo que existem coisas mais importantes como: saúde, habitação, infraestrutura, educação entre outras importâncias e, só posso atribuir essa visão errônea por não compreenderem o significado profundo que implica a CULTURA de um povo, de uma nação inteira... que a ARTE é exercida pela legitimidade da cultura de cada um.
Muitos agentes culturais estão exaustos de discussões inócuas; muitos caminham a esmo; alguns apenas seguem em frente.
Desde a LPG – Lei Paulo Gustavo até a PNAB – Política Nacional Aldir Blanc, uma cama de gato se instalou e, graças àqueles que compreendem, têm bom senso e usam o respeito e compreensão nas suas formas de diálogos, conseguem deixar todo o processo um pouco mais equânime.
No mais, a maioria das vezes, somos colocados todos no mesmo saco e espancados por muitos, achando que todo artista é feito da mesma forma.
A cultura se manifesta de várias formas, desde como nos vestimos e comemos até a maneira como nos expressamos através da arte.
Paulo Freire dizia "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda."
Eu troco a palavra educação pela ARTE, porque construir ARTE também é educar e, portanto, transformar.
Um grande texto, Malu! Muito necessário para pensarmos o "fazer cultural" a partir das leis de incentivo à cultura. Como bem diz Gabriel, o Pensador: "A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte!"
Um grande texto, Malu! Muito necessário para pensarmos o "fazer cultural" a partir das leis de incentivo à cultura. Como bem diz Gabriel, o Pensador: "A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte!"