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Coluna Arte e Cultura em Ação - 30/01/2025

  • gazetadevarginhasi
  • 30 de jan.
  • 3 min de leitura



A DOCE ILUSÃO DOS GRANDES FESTIVAIS LITERÁRIOS

É fato que os escritores independentes, aqueles que publicam suas obras com recursos próprios, que não possuem editoras que editem, publiquem e promovam seus livros, são cheios de sonhos. Assim também acontece com os capistas, editores, ilustradores e demais profissionais envolvidos no setor editorial. Quem não quer ver seu trabalho reconhecido, principalmente em cenários com alta visibilidade...?
Só que não!
Isso mesmo!
A realidade é completamente oposta aos desejos dos literatos envolvidos na caminhada literária.
As Bienais e os Festivais Literários têm se apropriado do espaço da escrita e, nas mãos de empresas produtoras de eventos, muitas delas se utilizando de Leis de Incentivos à Cultura, vão se refastelando em mares lucrativos.
Não há LITERATURA e nem FESTIVAIS LITERÁRIOS sem a presença daqueles que pertencem a esse segmento cultural, mas as empresas de eventos não entendem dessa maneira.
Essa coluna não tem cunho político. Expressa apenas sua opinião cultural, no caso, a minha, que sou responsável por escrevê-la.
Hoje deparei-me com uma situação desoladora para mim e para meus pares.
Empresas recebendo verbas federais e estaduais, no estado de Minas Gerais para devolver à população da cidade e demais localidades nacionais e internacionais um produto cultural de qualidade... Oras, era para ser assim, mas aí vêm os questionamentos:
Se há um fomento para a realização do evento, por quê (?):
- Para os escritores independentes e associações literárias é cobrado uma fortuna para participar?
- Qual o motivo da preferência para autores, em sua maioria quase que absoluta, do estado de São Paulo, Rio de Janeiro e cidades do interior dessas duas localidades?
- Minas Gerais não possui celebridades literárias à altura desses festivais?
- Se o evento é mineiro, por que uma curadoria completamente paulista e carioca?
Poderia ficar aqui, fazendo inúmeros questionamentos e, são muitos...
Veja bem, sou completamente a favor da Economia Criativa. Sei a quantidade de empregos que eventos grandes geram, ainda que temporários e informalmente e, quantos turistas arrastam...
Então eu me pergunto: “TODOS ganham – os restaurantes, os hotéis, os vendedores ambulantes, as lanchonetes, as empresas produtoras, o camelô, a dona Terezinha que faz os doces, a dona Rita que faz paninhos de prato, as lojas de lembrancinhas (ESTIVE NESSE LUGAR E LEMBREI-ME DE VOCÊ), a padaria, mas os literatos da terra pagam... Esses pagam tudo! Pagam o translado internacional, interestadual, intermunicipal; pagam os hotéis, as refeições, as exigências dos célebres convidados e quem sabe, até os souvenirs que eles resolvem levar para aqueles que eles lembraram enquanto estiveram ganhando pelos serviços prestados.
E aí outra lacuna... Outro vazio sem resposta- se o dinheiro é advindo de verbas públicas, com o que ele é gasto se para participar do evento tudo tem um preço e, diga-se de passagem, absurdamente elevado?
Outra pergunta fica aqui, suspensa no ar, para quem quiser responder... ou souber responder – “se o evento é custeado pelo GOVERNO DE MINAS GERAIS os mineiros deveriam ser os beneficiados e não pessoas de outros estados e países.
O dinheiro é de MINAS, mas escorre feito BICA para outras adjacências.
Como me disse uma amiga, a qual não revelo, pois jamais expomos nossas fontes e opiniões alheias sem permissão da persona, “Minas Criativa e o Minas Literária, são fundamentais para alavancar a cultura. Minas tem tudo isso e os entes, entidades, eventos e equipamentos que SE SERVEM de recursos públicos mineiros precisam valorizar nossos expoentes. Nosso foco é construir territórios literários e passa longe disso o que vem ocorrendo com tais eventos.”
É a cultura do mero entretenimento, onde influencers são a cereja do bolo, a Inteligência Artificial é a estrela e a Era Digital comanda conteúdos cada vez mais superficiais e o que conta são as mídias cada vez mais maquiadas e repletas de apelos visuais exacerbados, onde, saber reconhecer o que realmente aconteceu ou não, torna-se uma tarefa quase impossível.
Mineiro gosta do TREM na linha, andando nos trilhos e esse trem anda descarrilhado; gosta de “dedim” de prosa e mesmo sendo cismarento, desconfiado como onça de tocaia, ele é dado a receber bem, ser hospitaleiro, servindo todos os que chegam nas horas mais inusitadas... Tem sempre um bule de café quente e um pedacinho de queijo posto sobre a mesa, mas mineiro não é bobo!
Eventos assim promovem a Cultura do consumismo, do conteúdo fugaz, que está cada vez mais à borda, onde somente sobreviverão aqueles que realmente mergulham na essência daquilo que fazem, por se saberem simplesmente mortais e, o que restará, são as marcas indeléveis daquilo que construíram por excelência e determinação.
E como diria meu querido Quintana, no Poeminha do Contra: (...) ELES PASSARÃO E EU PASSARINHO (...)

19 comentarios


Carmem Teresa Elias
Carmem Teresa Elias
02 feb

A Literatura agoniza. Muitas vezes, um evento serve como uma fábrica capitalista de lucro para os mesmos realizadores de feiras e festas . São pessoas de fora do meio literário que vivem para ganhar dinheiro explorando o público e entregando a este obras questionáveis. Tudo uma grande farsa como você sabe e expõe. De literatura mesmo, quase nada. No fundo, só um show midiático para vender porcarias.

Não sei como sair dessa degradação da literatura . Quanto maior o evento, mais é dominado pelos mesmos grupos que operam não só no Brasil como nas feiras internacionais também. Só eles e eles e seus $$$$$$

Literatura? Não querem nem saber o que é isso. Muitos jamais leram uma obra de qualidade.…

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Expedito Dias
Expedito Dias
03 feb
Contestando a

E vão ganhando adeptos (dos que querem lucrar) e incautos que vão caindo na rede. Pois os maiores compradores de livros são justamente os apaixonados por escrever...

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Valéria Pisauro
Valéria Pisauro
01 feb

Escrever é um ato de resistência. Mas, como sobreviver?

Pela venda de seus livros, claro. Entretanto, no Brasil, isso é um desafio quase inalcançável.

Publicar é caro, os direitos autorais são pequenos e o mercado editorial é complexo. As editoras raramente investem em poetas independentes e desconhecidos, sendo assim, os escritores(as) necessitam buscar apoio financeiro-cultural, junto ao setor público. E quando ocorrem as Feiras Literárias os custos são altíssimos.

O resultado é que, dificilmente, um(a) escritor(a) vai conseguir sustentar sua própria arte só com elogios. Eles massageiam o ego, mas não pagam boletos, não enchem barriga, não mantêm a luz acesa.

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Malu Silva
Malu Silva
02 feb
Contestando a

Você é a grande prova dessa resistência, minha querida!!!

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Luciane Madrid Cesar
Luciane Madrid Cesar
30 ene

É isso, Malu! Muito bem explicado. A gente que rale...

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Malu Silva
Malu Silva
30 ene
Contestando a

Triste não, amiga! Mas estamos nos movimentando. Várias entidades literárias estão se fortalecendo e em reuniões nossas, presenciais, explicaremos tudo...


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Expedito Dias
Expedito Dias
30 ene

'Participar de uma VITRINE' custa caro. Só que não é uma vitrine, é apenas um caça-níquel bem bolado. O artista, neste caso, o escritor, é a cereja do bolo. O escritor vive seu sonho, acha que fazendo parte de uma bienal ou vila ou qualquer nome que se dê a uma feira de livros vai lhe dar a 'glória eterna'. Uma dívida eterna no cartão de crédito até pode ser. Eis porque: Ele paga viagem, hospedagem, estande e acessórios, badulaques e lembrancinhas para os entes queridos. Ah, alimentação também. E também compra livros.

Acreditem ou não, cada escritor compra mais livros do que os demais visitantes da feira que vêm como turista, que gasta mesmo. pois vem prediposto a isso.…


Editado
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Malu Silva
Malu Silva
30 ene
Contestando a

😯, rasgou o verbo!!! É isso tudo e mais um tanto disso.


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Gustavo Marangão
Gustavo Marangão
30 ene

É triste ver como o capitalismo está acabando com a cultura!

Hoje os escritores independentes sofrem pela ganância daqueles que acham que detêm o poder.

É necessário os escritores se juntarem e fazerem algo contra esses preços abusivos. Não podemos deixar também de ter esperança no futuro; se fecha uma porta, abre-se duas. Temos que ter pé no chão e lutar por dignidade literária em nosso país.

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Malu Silva
Malu Silva
30 ene
Contestando a

Muito fácil para as pessoas se apropriarem daquilo que não compreendem enquanto artistas, no nosso caso, as empresas de eventos se apropriam da escrita sem mesmo ter lido um único livro....

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Gazeta de Varginha

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