Amistosos agora, jogos de campeonato depois
Começaram as entrevistas com os pré-candidatos a prefeito de Varginha. Como era de se esperar, já temos ao menos cinco pré-candidatos. Este momento é importante no fechamento das chapas porque sabemos que muitos dos nomes agora colocados são apenas para “cumprir tabela ou para inflar chances políticas artificialmente” visto que uma eleição majoritária precisa mais que votos, mas também amplo apoio, recursos etc. Dos cinco pré-candidatos, apenas dois possuem tais condições neste momento. Além disso, outros nomes podem surgir. Nas entrevistas que foram divulgadas até o momento não faltaram “manifestações de torcida e sondagem dos concorrentes”. Aliás, o que mais temos nestas entrevistas são sondagens políticas de concorrentes. Pelo pouco que foi mostrado dá para ver que nenhum pré-candidato tem um plano de governo estruturado para apresentar à cidade. Talvez por não querer mostrar nada ao concorrente para não ser copiado, mas também existe a hipótese de que ninguém tenha mesmo realizado o dever de casa de conversar com a sociedade, com técnicos em gestão pública, com o setor produtivo etc para conhecer a cidade e seus problemas para realmente apresentar soluções. A coluna acredita que seja a segunda hipótese! Trocando em miúdos, as entrevistas de agora são apenas “amistosos dos jogos que ainda virão e estes sim, valendo ponto, ou melhor, votos”. Mas não tenham dúvidas que as assessorias dos candidatos (pra valer) já estão gravando as declarações dos concorrentes! Afinal, tudo pode virar prova ou ser comprometedor!
Cascas de banana
Nas entrevistas dos pré-candidatos tem muita pergunta que pode soar ingênua, mas, na verdade, pode ser “casca de banana”, e isso vale para outros candidatos também. Exemplo disso é tentar associar os pedágios na MGC 491 a qualquer dos candidatos ou mesmo tentar associar qualquer deles aos presidentes Lula ou Bolsonaro. Vejam que a concessão da MGC 491 foi comemorada por Verdi e Ciacci apenas depois de realizado o leilão na bolsa e entregue à empresa concessionária, já o deputado Cleiton Oliveira nem se manifestou na época do processo da concessão! Zacarias Piva, Zilda Silva ou Dudu Ottoni não manifestaram em nenhum momento do processo ou mesmo têm conhecimento técnico do caso. E todos eles, nunca apresentaram qualquer caminho diferente da concessão. Ou seja, reclamar agora é fácil, mas quem fez ou propôs algo diferente quando a MGC 491 estava sem qualquer tipo de manutenção ou previsão de investimento? Ninguém, nenhum prefeito, vereador ou candidato apareceu! Logo, querer criticar agora ou tentar associar este ou aquele candidato a concessão ou ao alto valor do pedágio é mero casuísmo e falsidade!
Cascas de banana – 02
Já em relação às conexões de Cleiton Oliveira (PV) ao presidente Lula ou relações de Zacarias Piva (PL) e Leonardo Ciacci (PSD) a Bolsonaro também podem ser facilmente desconstruídas por quem conhece de política. E pouco vão somar ou subtrair para os eleitores instruídos! Se não vejamos: Cleiton Oliveira “nunca foi alto clero na esquerda, não é amigo pessoal de Lula. A esquerda, representada pelo PT, se realmente vier a apoiá-lo com vontade política, o fará não por vontade, mas sim obrigação pois não tem nome melhor. Além disso, todas as outras opções na cidade seriam piores politicamente para Lula e o PT. Assim, uma eventual vitória de Cleiton Oliveira não significa que Varginha teria mais ou menos recursos do governo federal em relação a outros nomes na disputa. Já o nome de Zacarias Piva, hoje no Partido Liberal, mesma legenda de Bolsonaro, não significa que Piva será “100% de direita ou tenha amizade próxima e apoio incondicional de Bolsonaro, pelo contrário”. A exemplo de Cleiton na esquerda, o caso de Piva é o único candidato para apoio de Bolsonaro na cidade. Está na mesma legenda do ex-presidente e uma eventual eleição de Piva em Varginha não significa fechar a porta da cidade ao PT ou ao governo Lula, pelo contrário. Qualquer que for o próximo prefeito, vamos precisar muito dos governos Zema e Lula. Radicalizar neste momento não seria bom para a cidade. E no caso de Leonardo Ciacci (PSD) este deve ficar ainda mais quieto sobre a disputa entre esquerda ou direita, Lula ou Bolsonaro. Ciacci esteve na Câmara de Varginha onde já apoiou e aplaudiu obras do PT e até mesmo o presidente Lula em mandatos passados. Da mesma forma que foi um dos primeiros no governo municipal a apoiar publicamente o ex-presidente Bolsonaro quando da disputa com Lula em 2022. Além disso, o PSD de Ciacci está no apoio de Zema em Minas e no apoio de Lula em âmbito federal, tendo o PSD até ministros no governo Lula. Então, nos debates e entrevistas, existem “narrativas para condenar ou aplaudir qualquer um dos grupos colocados nesta campanha, basta apenas o eleitor ter memória e esclarecimento político”!
Cascas de banana – 03
Quanto aos nomes de Dudu Ottoni (PTB) e Zilda Silva (PP) estes figuram mais como “coadjuvantes nesta disputa municipal e muito se acredita que as pré-candidaturas destas lideranças sejam convertidas em uma disputa de vice ou mesmo nova disputa ao Legislativo. Mas ainda assim, não custa levantar que houve manifestação de apoio de ambos os vereadores a ações e realizações da gestão petista de Fernando Pimentel quando (desastrosamente) governou Minas. Bem como, não custa dizer que hoje o PTB de Dudu Ottoni ou o PP de Zilda Silva são majoritariamente opositores do PT de Lula e deram base de apoio ao governo Bolsonaro. Ou seja, existe “pega para dizer que os vereadores em algum momento foram apoiadores do petismo ou de Bolsonaro”. Logo, querer reduzir qualquer dos pré-candidatos a “esquerdistas ou direitista é apequenar a disputa, uma mediocridade política que não podemos cair”. O importante mesmo é verificar “quem tem projeto, capacitação e compromisso pessoal e equipe técnica preparada para governar Varginha frente aos desafios”. E nisso, todos pecam! Será necessário que, após a formalização da candidatura pelos partidos, os candidatos registrem seus planos de governo na Justiça Eleitoral. Esta é uma importante mudança eleitoral que pode indicar ao eleitor quem tem o melhor projeto de governo. A coluna certamente vai buscar esses documentos para apresentar à população quando do seu protocolo junto a Justiça Eleitoral. E ficará provado que ninguém fez o “dever de casa até o momento”.
Economia local e fonte de renda
Uma proposta que vira e mexe surge, mas nunca sai do papel, é a realização de feiras regulares pela cidade. Varginha precisa ampliar e fortalecer o “cinturão verde do entorno da cidade”, a fim de garantir alimentos de qualidade e preço baixo à população, bem como, fortalecer a agricultura familiar e o agronegócio local que gera emprego e renda. A Prefeitura de Varginha precisa promover tais feiras nos bairros mais populosos e/ou de maior renda, construindo uma regularidade de eventos para que a população se habitue às feiras e o produtores tenham opção para venda de seus produtos, provocando inclusive a queda dos preços dos hortifrutigranjeiros na cidade. Com os itens da cesta básica mais baratos, toda a população sai ganhando. A Prefeitura de Varginha poderia fornecer Kits de feira, com barracas, assistência técnica na montagem, controle do trânsito nas vias escolhidas para tais eventos, bem como o apoio logístico e transporte em alguns casos. O Governo de Minas, por meio da Emater, inclusive possui iniciativas assim que poderiam ser estimuladas em Varginha. Sem falar que a Prefeitura de Varginha possui um conglomerado de mídia com Jornal, Rádio, TV e Portal que poderiam divulgar tais eventos à população. Nos bairros mais populosos tais feiras seriam úteis para as donas de casa que não precisariam ir ao centro para colocar comida saudável e barata na mesa.
Área Azul continua com problemas
A Área Azul, projeto antigo do Governo Municipal para gerenciar as vagas de estacionamento no centro comercial de Varginha continua apresentando problemas, mesmo depois de realizada a concessão do serviço à iniciativa privada. Aliás, diante dos problemas e questionamentos levantados pelo comércio, motoristas e pedestres, o governo municipal não divulgou quais os números financeiros da concessão. Quanto a empresa que administra a Área Azul repassa mensalmente ao Município? Este repasse acontece conforme previsto no contrato? Além disso, a disponibilidade de vagas ou melhor gestão das vagas de estacionamento foi verificada? Algum estudo está sendo feito para melhorar o serviço da concessionária? Não temos respostas para tais perguntas, mas é certo que tais questionamentos estarão no rol de perguntas dos acalorados debates que teremos nestas eleições municipais. Candidato esperto fica antenado e já procura resposta para tais perguntas, pois elas virão!
Delimitar o carrapato para fazer crescer o boi
Depois de muito se falar na possibilidade de aumento no número de vagas na Câmara de Varginha, que poderia saltar de 15 para 17 ou mesmo 19 vereadores eleitos em outubro, nada se sabe sobre o entendimento do Legislativo e da Justiça Eleitoral na cidade. Já foi oficializado na Justiça Eleitoral quantas vagas estarão em disputa na Câmara Municipal em outubro de 2024? Em que pese a importância e responsabilidade que o vereador possui na fiscalização do governo municipal, bem como na criação de leis que melhorem e modernizem a cidade, é bem provável que o contribuinte opte por manter a estrutura Legislativa do tamanho que está! Aliás, boa parte da população acredita que a estrutura legislativa em todo o Brasil está muito grande e onerosa para a população, a exemplo do Judiciário! O contribuinte precisa de menos governo e mais povo! Ou seja, que os governos gastem menos em sua própria subsistência para que existam mais recursos para investimento no próprio povo, que é quem sustenta toda a máquina pública. E no caso do Legislativo, seja ele em Brasília no Congresso Nacional, na Assembleia Legislativa ou na Câmara de Vereadores de Varginha, o que não faltam são cargos de confiança nomeados sem concurso e com gordos salários, bem como mordomias para agentes políticos e servidores públicos que possuem realidades bem diferentes do trabalhador da iniciativa privada. Trocando em miúdos, é preciso que tenhamos um limite para o “tamanho do carrapato, para que possamos trabalhar no crescimento e engorda do boi. Pois do jeito que a coisa anda, não vai demorar para que o carrapato seja maior que o pobre boi que é sugado em impostos diariamente em seu trabalho”.
Dengue continua matando
Em Varginha mais de 18 pessoas já morreram em consequência da Dengue. Os números preocupam pois não são apenas as mortes que afetam a população, mas também as sequelas de muitas das milhares de pessoas que contraíram a doença transmitida pelo mosquito. Além disso, os impactos financeiros e sociais da doença já são sentidos na cidade. São famílias que estão sem seu provedor principal apto a trabalhar, empresas que estão sem produzir e gerar renda e impostos, pois seus colaboradores estão doentes, é o governo municipal gastando mais recursos públicos para atender as carências de saúde da população doente etc. O prefeito Vérdi Melo realiza um grande investimento no Hospital da Criança que tem atendido os doentes, bem como a UPA e centro de saúde que também auxiliam no apoio à população. Mas quanto a educação da população no combate aos focos de água parada e nascedouros do mosquito? Qual o trabalho preventivo que estamos fazendo contra a dengue e muitas outras doenças, ele existe? Doenças que demandam unicamente cuidados e conhecimentos básicos de saúde, higiene e prevenção como viroses, HPV, HIV e tantas outras. Será que a pandemia que vivemos de dengue será substituída por outras doenças simplesmente porque não fazemos trabalho de prevenção e educação sanitária da população? A conferir!
Portal transparência do Hospital Regional
Demorou, mas saiu do papel! O Hospital Regional do Sul de Minas já está com seu portal da transparência em pleno funcionamento e tal ferramenta dá mais credibilidade e respeito a todo trabalho que vem sendo realizado na instituição. Não é mistério que o Hospital Regional, embora receba milhões de reais mensalmente, vive situação de constante cuidado econômico pois a realidade de todo hospital público envolve muitos gastos imediatos e poucos recursos garantidos. Mas agora a população consegue acompanhar periodicamente a gestão fiscal e verificar que realmente o Hospital Regional precisa de ajuda, mas vem melhorando pouco a pouco, oferecendo cada dia mais serviços e também sendo a base dos principais serviços públicos de saúde de Varginha e região. A coluna foi uma das primeiras a cobrar a criação do portal da transparência e não poderia deixar de registrar aqui o comprometimento da gestão do nosocômio que mostra seriedade e compromisso com tal iniciativa. Parabéns!
RODRIGO SILVA FERNANDES é advogado e
articulista político da Gazeta e escreve as quartas
e sextas. Email: Rs.fernandes@fiemg.com.br
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