Com 14 mortos, acidente no AM é o mais letal da aviação brasileira desde 2011
Reprodução
O acidente que deixou 14 mortos em Barcelos (AM) na tarde de sábado (16) é o maior da aviação brasileira em número de perdas humanas desde 2011, quando um avião modelo Let da Noar Linhas Aéreas caiu ao se aproximar do Aeroporto Internacional do Recife-Guararapes (PE) e matou as 16 pessoas a bordo. A pior tragédia do setor ocorreu em 2007, quando 199 pessoas morreram após um Fokker-100 da TAM sair da pista do terminal de Congonhas (SP) e atingir um prédio da mesma companhia.
Apesar de ter deixado muito mais mortos, o acidente com o voo Air France 447, em 2009, não entra na lista porque é considerado uma tragédia da aviação francesa. O Airbus A330-203 caiu no Oceano Atlântico com 228 pessoas a bordo (216 passageiros e 12 tripulantes) quando fazia a rota entre Rio de Janeiro e Paris, na madrugada de 31 de maio para 1 de junho de 2009. Não houve sobrevivente.
O TEMPO fez o levantamento com base em dados da Rede de Segurança da Aviação (ASN) da Flight Safety Foundation, organização internacional e sem fins lucrativos criada em 1947 “com o intuito de fornecer informações e recursos de segurança imparciais, independentes e especializados para a indústria aeronáutica e aeroespacial”.
Confira os acidentes aéreos mais fatais no Brasil nos últimos 20 anos:
16 de setembro de 2023: 14 mortos no acidente com um bimotor turboélice do modelo EMB-110 Bandeirante da Embraer em Barcelos (AM).
13 de julho de 2011: 16 pessoas morreram após um avião Let L-410 ser destruído em um acidente próximo ao Aeroporto Internacional do Recife (PE).
22 de maio de 2009: 14 pessoas morreram após um Beechcraft 350 Super King Air explodir ao cair a 200m de uma das laterais da pista de um resort na Bahia.
7 de fevereiro de 2009: 24 pessoas morreram quando um avião Embraer EMB-110P1 Bandeirante, operado pela Manaus Aerotáxi, foi destruído ao cair nas águas do Rio Manacapuru, no interior do Amazonas.
17 de julho de 2007: 199 pessoas morreram no maior maior acidente da história da aviação brasileira; 187 pessoas estavam a bordo do avião da TAM que não conseguiu pousar na pista do Aeroporto de Congonhas (SP), atravessou a Avenida Washington Luís e bateu no prédio da TAM Express, onde morreram outras 12.
29 de setembro de 2006: 154 morreram na queda de um Boeing da Gol, que bateu em um Legacy no céu do Mato Grosso. Aeronave ia para Brasília. Apesar da avaria em uma das asas, o jatinho pousou normalmente e seus ocupantes nada sofreram.
31 de março de 2006: 19 morreram quando o avião que ia de Macaé (RJ) para o Rio de Janeiro bateu no pico da Pedra Bonita e explodiu.
14 de maio de 2004: 33 mortes no pouso de um avião da Rico Linhas Aéreas no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus (AM).
Como foi o acidente no Amazonas no último sábado (16)
Segundo o governo do Amazonas, a aeronave do modelo Embraer EMB-110 Bandeirante acidentada no último sábado (16) levava 12 turistas a bordo, além do piloto e do copiloto. O avião saiu da capital Manaus com destino a cidade de Barcelos, no interior do estado, conhecida pelo turismo de pesca.
A queda aconteceu por volta das 15h (horário de Brasília), quando o avião tentava pousar na cidade, que fica a cerca de 400 km de Manaus. Chovia forte no momento do acidente. Todos a bordo morreram. Os corpos foram levados para o ginásio de uma escola. O município não tem Instituto Médico Legal (IML).
Segundo o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Vinícius Almeida, o grupo de turistas estava na região para a prática de pesca esportiva.
Vídeo divulgado nas redes sociais mostra os 12 turistas entrando em um avião momentos antes da queda. Entre as vítimas estão ainda dois tripulantes. As imagens foram publicadas por amigos das vítimas e mostram os pescadores em clima amistoso e, inclusive, brincam ao falar que o avião parece “uma lata de sardinha” — em referência ao seu tamanho.
O Embraer EMB-110 Bandeirante tem capacidade para 18 pessoas. Fabricado em 1991 e com dois motores turboélice, ele pertence à Manaus Aerotáxi. Com autonomia de 1700km de voo, ela atinge até 340 km/h e carrega até 1,5 ton de carga. A equipe de O TEMPO apurou que o certificado de verificação de aeronavegabilidade da aeronave vale até novembro deste ano. Ou seja, ela operava de forma regular.
Médico do DF, empresários de Goiás e executivos de Minas morreram em Barcelos
Um médico de Brasília e nove empresários, sendo quatro de Goiás e cinco de Uberlândia, cidade localizada no Triângulo Mineiro, estão entre as vítimas do acidente aéreo que deixou 14 pessoas mortas no Amazonas, no último sábado.
A vítima da capital federal é o médico Roland Montenegro Costa, de 70 anos. Nascido em Viana (MA), formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, em 1978. Ele fez residência médica em cirurgia geral no Hospital de Base do Distrito Federal, de 1979 a 1981. Referência em cirurgia do aparelho digestivo, foi pioneiro nos transplantes em Brasília. Atendia em consultório particular e operava em alguns hospitais de Brasília. Já havia se aposentado do Hospital de Base, o maior do Distrito Federal.
Confira as vítimas de Goiás:
Gilcrésio Salvador Medeiros: dono de uma pousada em Niquelândia
Fábio Campos Assis: era dono de um comércio em Anápolis
Witter Ferreira de Faria: natural de Itumbiara e empresário no ramo do agronegócio em Uruaçu
Marcos de Castro Zica: tinha 48 anos, era engenheiro agrônomo, morava entre Goiânia e Uruaçu, sua cidade natal. Casado e com dois filhos, Marcos tinha lavouras na região de Uruaçu e Mara Rosa, além de um armazém em Mara Rosa
Saiba quem são as vítimas de Minas Gerais:
Euri Paulo dos Santos: morador de Uberlândia, executivo do Grupo Algar
Fábio Ribeiro: morador de Uberlândia, executivo do Grupo Algar
Hamilton Alves Reis: morador de Uberlândia, executivo do Grupo Algar
Heudes Freitas: morador de Uberlândia, executivo do Grupo Algar
Luiz Carlos Cavalcante Garcia: morador de Uberlândia, executivo do Grupo Algar
A informação foi confirmada neste domingo (17) pela empresa Algar, que lamentou a morte dos ex-associados do Grupo. “A Algar lamenta o acidente ocorrido e confirma que cinco dos ocupantes da aeronave são ex-associados (como são chamados os funcionários da empresa). O Grupo se solidariza com os familiares e amigos das vítimas”, disse em nota.
Além dos empresários, uma sexta vítima também seria moradora de Uberlândia. Trata-se de Guilherme Boaventura Rabelo, que seria diretor de uma empresa de engenharia da cidade.
A reportagem também tentou contato com a empresa, mas não obteve retorno.