Concurso na UFMG é anulado após aprovação de candidatos brancos em vaga para negros
gazetadevarginhasi
12 de jul. de 2024
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Foto: Foca Lisboa/UFMG/Divulgação
Foto: Arquivo pessoal
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) decidiu anular a prova do concurso do Departamento de Fisiologia e Biofísica, destinado a candidatos negros, após constatar que todos os aprovados na avaliação eram brancos. A prova será realizada novamente.
Em comunicado oficial, o diretor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, professor Ricardo Gonçalves, afirmou que a Câmara do Departamento de Fisiologia e Biofísica decidiu anular a prova de apresentação de seminários. Segundo ele, determinados itens do edital, relacionados à realização da etapa por videoconferência, "não foram observados em conjunto".
"Com o compromisso de que o processo seja conduzido dentro das normas estabelecidas pelo edital, vamos realizar a prova de seminários em uma nova data. Os candidatos que realizaram a prova de apresentação de seminários serão convocados com até 30 dias de antecedência para o comparecimento no local estabelecido para a realização da prova", declarou Gonçalves.
Processo Seletivo
O concurso visa preencher uma vaga de professor adjunto no Departamento de Fisiologia e Biofísica. O edital, publicado em 20 de setembro de 2023, previa que a vaga "será provida, preferencialmente, por candidatos concorrentes às vagas reservadas aos negros". No entanto, nenhum dos candidatos negros foi aprovado pela banca examinadora.
Ao todo, 22 pessoas tiveram as inscrições para o concurso deferidas, sendo que sete se autodeclararam pretas ou pardas. Onze candidatos compareceram à primeira etapa, de prova escrita, e sete foram classificados para a fase seguinte, de provas de seminário e de títulos. Cinco foram aprovados, nenhum deles negro.
"Com a desclassificação dos inscritos por reserva de vaga nas etapas de prova, seguindo estritamente os parâmetros constantes no referido edital, a vaga remanescente foi revertida para a ampla concorrência", explicou a universidade anteriormente.
Reação e Denúncia
A doutora Giselle Santos Magalhães, de 37 anos, denunciou o resultado do processo seletivo. Ela obteve a melhor nota na prova de títulos – 95 em 100 – mas recebeu uma nota baixa na apresentação de seminário, ao contrário dos candidatos brancos que receberam pontuações maiores.
Para Giselle, a decisão da UFMG de anular e remarcar a prova representa uma vitória. "A etapa foi conduzida com erros técnicos, como explica a nota da UFMG. Mas ainda é necessário que a UFMG avalie com cautela a manutenção da mesma banca avaliadora. Espero que seja modificada", afirmou.
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