Crise yanomami: garimpo e malária persistem, e dados oficiais permanecem incompletos
gazetadevarginhasi
21 de jan.
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Em matéria publicada nesta segunda-feira (20), a Folha de S. Paulo detalhou a grave crise humanitária enfrentada pelo povo yanomami, destacando os impactos do garimpo ilegal e a falta de transparência na divulgação de dados oficiais. Durante o auge da crise, sob o governo Jair Bolsonaro, aproximadamente 20 mil garimpeiros operavam no território, incentivados pela ausência de fiscalização e pelo discurso favorável à exploração de ouro.
A crise causou danos profundos à saúde dos yanomamis, com surtos de malária e casos graves de desnutrição, especialmente entre crianças e idosos. Em resposta, o governo Lula declarou emergência em saúde pública no território em janeiro de 2023. Um mês depois, uma operação de desintrusão foi iniciada, cumprindo uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) que estava pendente de execução.
Embora a operação tenha gerado avanços iniciais, os resultados ao longo do primeiro ano foram limitados. O garimpo ilegal diminuiu em alguns momentos, mas retornou em diversas áreas, impactando novamente a saúde das comunidades indígenas, inclusive nas regiões mais isoladas. Em 2023, o Ministério da Saúde registrou 363 mortes de indígenas yanomamis, um aumento em relação às 343 mortes notificadas em 2022. No entanto, especialistas afirmam que a subnotificação durante a gestão anterior dificulta comparações diretas.
Em 2024, a falta de transparência tornou-se uma preocupação central. Até o momento, o governo Lula divulgou dados consolidados apenas do primeiro semestre, com 155 óbitos registrados, representando uma queda de 27% em comparação aos 213 óbitos do mesmo período de 2023. Apesar disso, profissionais de saúde que atuam no território criticam a demora na divulgação completa das informações, considerando-a desnecessária e prejudicial à transparência pública.
A reportagem da Folha de S. Paulo solicitou informações consolidadas sobre óbitos, causas de morte, faixas etárias e a incidência de malária ao Ministério da Saúde, à Presidência da República e ao governo local em Boa Vista, mas não obteve respostas. Enquanto isso, a persistência do garimpo e as dificuldades na assistência à saúde seguem desafiando os esforços para proteger os yanomamis e seu território.
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