Dívida bruta do Brasil aumenta e chega a 76,1% do PIB em 2024, aponta Banco Central
31 de jan.
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A dívida bruta do Brasil atingiu 76,1% do PIB em 2024, o que representa um aumento de 2,2 pontos percentuais ao longo do ano. No mês de dezembro, o valor da dívida foi de R$ 9 trilhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (31/1).
A dívida bruta, que abrange o governo federal, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e as administrações estaduais e municipais, é um indicador importante para os investidores avaliarem a saúde fiscal do país. Sua comparação com o PIB serve para medir a sustentabilidade do endividamento público.
Em 2023, a dívida estava em 73,8% do PIB. Atualmente, ela é um dos principais focos de atenção do mercado financeiro e da equipe econômica do governo.
O número de 2024 só não foi mais elevado graças a uma redução de 1,6 ponto percentual do PIB em dezembro, impulsionada pela venda recorde de dólares pelo Banco Central no final do ano. Isso fez com que o volume de reservas internacionais diminuísse em mais de US$ 33 bilhões durante o mês. Esse movimento também reduziu a quantidade de operações compromissadas (compra e venda de títulos), o que, por sua vez, impactou positivamente a dívida bruta.
Apesar dessa redução temporária, a trajetória do endividamento do país deve continuar crescendo, principalmente devido à expansão dos gastos públicos e ao aumento da taxa de juros.
A projeção do Tesouro Nacional é que a dívida bruta do Brasil atinja um pico de 83,1% do PIB em 2028, caso não sejam aprovadas novas medidas de arrecadação. No entanto, os números podem ser subestimados, pois não consideram o aumento recente dos juros. O mercado espera que a dívida ultrapasse os 90% do PIB em 2029, sem previsão de queda.
O aumento da dívida neste ano é atribuído principalmente aos juros nominais, que subiram 7,5 pontos percentuais, já que cerca de 50% dos títulos do governo são indexados à Selic, atualmente em 13,25% ao ano. Além disso, a desvalorização cambial e o reconhecimento de dívidas também pressionaram o aumento.
A dívida líquida, que desconta os ativos do governo, alcançou 61,1% do PIB em 2024, somando R$ 7,2 trilhões, o que representa uma elevação de 0,7 ponto percentual.
Em relação ao déficit primário, o setor público consolidado registrou um rombo de R$ 47,6 bilhões (0,40% do PIB) em 2024, um valor consideravelmente inferior ao déficit de R$ 249,1 bilhões (2,28% do PIB) de 2023.
Esse resultado inclui os dados do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência), governos estaduais e municipais, e das empresas estatais. Em dezembro, houve um superávit primário de R$ 15,7 bilhões, contrastando com o déficit de R$ 129,6 bilhões no mesmo mês de 2023, que foi impactado pelo pagamento de precatórios, totalizando R$ 92,4 bilhões.
O superávit de dezembro foi impulsionado pelo resultado positivo de R$ 26,7 bilhões do governo central, R$ 1 bilhão das estatais e R$ 12 bilhões de estados e municípios. O desempenho do governo central também indicou o cumprimento da meta fiscal estabelecida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
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