Dólar alcança R$ 6 pela primeira vez, impulsionado por pacote fiscal e mudanças no IR

O dólar superou, nesta quinta-feira (28), a marca histórica de R$ 6,00 desde sua criação, em 1994. O salto reflete a reação negativa do mercado ao pacote fiscal apresentado pelo governo, que inclui medidas de contenção de gastos e alterações no Imposto de Renda (IR). Às 11h23, a moeda americana registrava alta de 1,51%, sendo negociada a R$ 6,001 na venda.

Na quarta-feira, o dólar já havia encerrado o dia em R$ 5,91, o maior valor até então. A ampliação da isenção do IR para rendimentos de até R$ 5 mil, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, gerou incertezas sobre o equilíbrio fiscal. Haddad também detalhou que a isenção será compensada pela maior taxação para salários acima de R$ 50 mil e pela restrição de deduções por saúde a quem ganha até R$ 20 mil.

No início da manhã, o dólar comercial apresentava alta de 1,01%, cotado a R$ 5,972. Na Bolsa, o contrato futuro da moeda americana avançava 0,60%, alcançando 5.995 pontos.

O pacote fiscal, que deve economizar R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026, inclui cortes nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e alterações no cálculo de renda para concessão de benefícios. Analistas afirmam que o mercado, já apreensivo com o anúncio das medidas, ficou ainda mais cético diante da inclusão inesperada da reforma tributária.

Para Eduardo Moutinho, do Ebury Bank, "embora o ajuste fiscal seja bem-vindo, a ampliação da isenção parece uma tentativa de reconquistar popularidade após a queda de apoio ao governo."

As taxas de juros futuros também reagiram, com altas expressivas nos contratos de longo prazo, refletindo maior aversão ao risco. Enquanto isso, o real destoou de outras moedas emergentes, que registraram valorização ou quedas moderadas.

No exterior, o índice do dólar subia 0,10%, enquanto o cenário global segue atento às ações do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que ameaça ampliar tarifas comerciais, potencialmente agravando tensões com China e Europa.