Dólar bate recorde de R$ 6,11 e pressiona juros futuros após anúncio de pacote fiscal de Haddad
Na manhã desta sexta-feira (29), o dólar atingiu sua máxima intradia ao ser cotado a R$ 6,1158, marcando um recorde nas primeiras horas de negociação. No entanto, por volta das 14h26, a moeda norte-americana recuou para R$ 6,01, com alta de 0,44% após registrar uma valorização de 0,18% às 12h20 (hora de Brasília). A alta do câmbio, que chegou a puxar a moeda para o maior valor em meses, também refletiu uma elevação nas taxas de juros futuros. As taxas de depósitos interfinanceiros (DI) para os vencimentos de janeiro de 2026 e 2027 ultrapassaram os 14%, ampliando o mau humor do mercado em relação ao pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O descontentamento dos investidores com as novas propostas fiscais é palpável, principalmente após o anúncio da isenção do imposto de renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil. De acordo com o analista Guilherme Esquelbek, gerente de câmbio da corretora Correparti, a reação do mercado não foi positiva, principalmente pela forma como o ajuste fiscal foi apresentado, e o cenário sugere que a Selic pode ter que subir mais do que o esperado para controlar a inflação.
A alta do dólar e o movimento nos juros futuros estão ligados diretamente ao desânimo do mercado, que ainda reflete a incerteza em torno da implementação do pacote fiscal e suas possíveis consequências para a economia brasileira. Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central (BC), reforçou essa percepção em um evento na quinta-feira (28), ao afirmar que o BC está comprometido com a meta de inflação de 3%, mesmo diante do cenário de desancoragem das expectativas inflacionárias.
O mercado está atento às movimentações do Comitê de Política Monetária (Copom), que tem reunião marcada para os dias 10 e 11 de dezembro. Em sua última análise, o JP Morgan elevou a projeção da Selic terminal de 13% para 14,25%, e ainda espera um aumento de 100 pontos-base na próxima reunião. A incerteza fiscal, alimentada pela falta de clareza sobre o impacto real do pacote de cortes de gastos, tem levado as projeções de juros a níveis mais altos. O Banco Itaú também ajustou suas estimativas, com previsão de uma economia de R$ 53 bilhões com o pacote até 2026, enquanto a Warren Investimentos estima que a economia será de 62% do valor originalmente anunciado, ou R$ 45 bilhões.
Por outro lado, os cálculos do governo indicam que o pacote pode gerar uma economia de R$ 71 bilhões entre 2025 e 2026, com uma estimativa total de R$ 327 bilhões até 2030. No entanto, analistas de mercado são céticos quanto ao alcance dessas metas. No pregão de quinta-feira (28), o dólar à vista fechou com alta de 1,29%, cotado a R$ 5,9895, refletindo o sentimento de incerteza.
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