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Dólar cai e volta a ficar abaixo de R$ 6; entenda




Reprodução
O dólar abriu em leve queda na sexta-feira (13/12) e voltou a ficar abaixo dos R$ 6 na primeira hora da sessão.
Os investidores avaliam o cenário fiscal do país e também os resultados recentes da inflação no Brasil e nos EUA. Às 9h06, a moeda norte-americana caía 0,25%, cotada a R$ 5,9975.
Na quinta-feira (12/12), o dólar fechou em alta de 0,68%, a R$ 6,011, e a Bolsa desabou 2,74%, aos 126.042 pontos.
A sessão teve como pano de fundo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros do país, a Selic, e a retomada de temores com a cena fiscal. O colegiado do Banco Central (BC) optou por um aumento agressivo de 1 ponto percentual, levando a taxa ao patamar de 12,25% ao ano.
O movimento era esperado pelo mercado, ainda que parte dos agentes econômicos tenha apostado em um aperto menor, de 0,75 ponto.
O Copom também antecipou um choque de juros e passou a prever mais dois aumentos de 1 ponto percentual nas próximas reuniões, de janeiro e março, o que levaria os juros a 14,25% ao ano. Foi um "belo aperto monetário", na visão de Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

"O mercado vinha preocupado com a atuação do BC, temendo que ele pudesse ser mais contido. Mas ele atuou na conta-erro que foi deixada em aberto pela má atuação do governo na questão fiscal.
O ajuste se dará pelos juros. Não fosse o caso, se daria no câmbio e na inflação, o que seria muito pior para a economia no longo prazo", avalia. Efeito Selic sobre o real O choque é, em tese, positivo para o real.
Quanto maior a Selic e menor a taxa dos Estados Unidos - em queda desde setembro -, mais atraente fica a moeda brasileira por conta do diferencial de juros.
Mas, para a Bolsa, é o oposto. A sinalização de uma Selic mais alta do que o esperado favorece investimentos de renda fixa, o que leva à retirada de recursos da renda variável. Como mais da metade dos investidores da B3 é de fora do país - e é preciso comprar reais para investir aqui -, a retirada de investimentos da Bolsa indica que a moeda brasileira foi vendida, o que empurra a cotação do real para baixo por conta da lei da oferta e da demanda.

"A performance da Bolsa se refletiu no dólar. Então, está saindo dinheiro da Bolsa e grande parte está retornando para exterior, o que impacta a liquidez", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. A reação se deu também nas curvas de juros futuros, e a alta volatilidade levou até à interrupção das negociações do Tesouro Direto por algumas horas pela manhã. Também pesou a retomada de incertezas em relação à trajetória da dívida pública do país, com os cenários de 2025 e de 2026 mais desafiadores após a decisão e as sinalizações do Copom sobre a Selic.

"Se a deterioração das expectativas sobre a economia brasileira vem do aumento do endividamento, esse choque de juros promovido pelo Copom vai trazer mais endividamento", diz André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online. O aumento da taxa básica de juros torna o custo da dívida maior. O próprio BC calcula que a Selic aumentará a dívida bruta do governo em R$ 50,3 bilhões, montante que equivale a mais de dois terços dos R$ 70 bilhões de economia previstos pelo pacote do ministro Fernando Haddad (Fazenda) para os próximos dois anos.

"Ou seja, o esforço do BC para ancorar as expectativas, para melhorar o nível de incerteza em relação aos indicadores macroeconômicos domésticos, representa mais endividamento, representa uma trajetória da dívida pública pior", diz Galhardo.
O próprio pacote de contenção de gastos do governo também voltou a preocupar. O Executivo está empenhado em aprovar as medidas junto ao Congresso Nacional ainda neste ano, mas encontra revés na liberação de emendas parlamentares, instrumento no centro do mal-estar com o Legislativo. Na terça, o governo publicou na uma portaria detalhando procedimentos e prazos para a liberação de emendas.
Ainda assim, lideranças parlamentares ouvidas pela reportagem admitem que a chance de votação do pacote diminuiu diante da avaliação de que há temas espinhosos entre as medidas que demandam mais tempo de discussão. Entre os descontentes, a própria bancada do PT.

O estado de saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também pesou nesta sessão. O petista passou por um novo procedimento médico na quinta para interromper o fluxo de sangue em uma região de seu cérebro.
O objetivo era impedir novos sangramentos como o que ele sofreu nesta semana Mas, ao permanecer no hospital, o chefe do Executivo se encontra longe das articulações pelo avanço do pacote fiscal, o que trava a tramitação.
"Ninguém sabe se o pacote fiscal vai andar ou não, porque isso junta com a questão da hospitalização do presidente.
O sentimento é bem ruim", disse Alexandre Espirito Santo, economista da Way Investimentos. A intervenção foi bem-sucedida, e Lula deverá ter alta na semana que vem. O Congresso entrará em recesso parlamentar na sexta-feira (20/12). Os investidores também começaram a levantar alertas sobre a possibilidade de dominância fiscal - quando o descontrole das contas públicas faz com que a política de juros perca a eficácia

. "Não sei se a gente está em dominância fiscal, mas estamos experimentando essa sensação, estamos na 'antessala' da dominância. Se o mercado comprar essa ideia, a situação vai ficar difícil", disse Espirito Santo.
Fonte: O Tempo.

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