Dólar deve continuar em queda com "efeito Trump", dizem analistas
25 de jan.
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Desde o início do ano, o dólar tem enfrentado uma tendência de queda, e na quinta-feira (23), durante a posse de Donald Trump, a moeda ficou abaixo de R$ 5,90 pela primeira vez em meses, fechando a R$ 5,925.
A reação do mercado reflete os primeiros dias sem grandes turbulências com Trump à frente da Casa Branca, especialmente com a política tarifária dos EUA não sendo tão rígida como esperado, o que enfraqueceu o dólar frente a outras moedas globais.
“O economista Paulo Gala, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), destacou que a pressão sobre o dólar foi fortemente influenciada pela política dos EUA, mais do que pela situação fiscal do Brasil. Ele também observou que, com Trump pressionando o Federal Reserve (Fed) para cortar os juros, o diferencial de juros entre os EUA e o Brasil deve ficar em 11 pontos percentuais, o maior em décadas, o que poderia fazer o dólar cair para níveis mais próximos de R$ 5,50.
“Eduardo Gribler, da MW Asset, concorda que esse patamar de câmbio pode se manter no primeiro semestre, embora a política fiscal do Brasil ainda seja uma barreira significativa para uma queda mais expressiva do dólar. A piora nas expectativas fiscais brasileiras em 2024 e a adoção de pacotes de corte de gastos podem impedir que o câmbio caia abaixo de R$ 5,60.
“Luan Aral, da Genial Investimentos, também acredita que a situação fiscal brasileira continua a ser o principal fator que impede uma queda mais acentuada do dólar. Ele apontou que, apesar de janeiro ter sido mais calmo, a votação do orçamento de 2025 e 2026 pode gerar volatilidade para a moeda.
“O dólar teve uma queda acentuada após as declarações de Trump no Fórum Econômico Mundial, em Davos, onde o presidente dos EUA foi mais conciliatório com a China e não indicou a imposição imediata de novas tarifas. Trump também pediu cortes nas taxas de juros para reduzir os preços do petróleo e a inflação. Nesse cenário, o real se destacou, apresentando o melhor desempenho entre as principais moedas globais, seguido pelo peso mexicano.
“Com o dólar fechando abaixo de R$ 6 por dois dias consecutivos e acumulando uma queda de 4,10% em janeiro, o cenário continua favorável para o real, apesar das incertezas fiscais no Brasil.
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