Dólar opera em alta firme, com fiscal no radar e mesmo após leilão extra do BC; Ibovespa oscila
16 de dez. de 2024
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O dólar registrou uma alta nesta segunda-feira (16), à medida que investidores continuam monitorando a situação fiscal do Brasil. A moeda americana chegou a R$ 6,09 durante a primeira parte do pregão, mas recuou após o Banco Central (BC) realizar um leilão extra de dólares para tentar conter a sequência de aumentos.
Na sexta-feira (13), o BC anunciou um leilão de até US$ 3 bilhões com compromisso de recompra, uma ação que funciona como um "empréstimo" de dólares às instituições financeiras. Isso visa aumentar a oferta da moeda no mercado e reduzir sua cotação. Além disso, o BC fez um leilão adicional de US$ 1,63 bilhão no mercado à vista, a maior intervenção desde 2020.
Essas ações ajudaram a reduzir a cotação do dólar para R$ 6,04, mas ele voltou a subir no fim da manhã.
O mercado também está atento a vários dados econômicos importantes previstos para a semana, incluindo o boletim Focus, que indica uma expectativa de aumento das taxas de juros e inflação mais alta para os próximos anos. Além disso, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) será divulgada nesta terça-feira, e a reunião do Federal Reserve (Fed) está agendada para definir as novas taxas de juros nos Estados Unidos.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, iniciou o dia com oscilações sem direção definida, com uma queda de 1,06% na semana e de 7,13% no ano.
O boletim Focus, que é uma pesquisa semanal do Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, aponta que as previsões de inflação para este ano aumentaram, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) projetado em 4,89%, acima do teto da meta de 4,50%. Para os próximos anos, a expectativa é de um aumento nos juros e inflação, o que tem gerado preocupações no mercado financeiro.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024 é estimado em 3,42%, ligeiramente superior à projeção anterior. No entanto, as perspectivas externas também influenciam o mercado, com atenção voltada para os movimentos do Federal Reserve e o Banco Central Europeu (BCE).
Nos Estados Unidos, os investidores aguardam uma possível redução de juros por parte do Fed nesta semana, enquanto na Europa, o BCE sinaliza um afrouxamento das taxas de juros caso a inflação continue a se aproximar de sua meta.
"O foco principal será o Fed, que deve cortar os juros em 25 pontos-base, mas acreditamos que o Fed reduzirá as expectativas de cortes mais adiante", disseram analistas do SEB.
A última decisão do Federal Reserve (Fed) sobre a taxa de juros deste ano ocorrerá na quarta-feira, com os investidores indicando uma probabilidade superior a 97% de uma redução de 0,25 ponto percentual, conforme a ferramenta FedWatch da CME.
Na Europa, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), reafirmou que o banco reduzirá ainda mais as taxas de juros caso a inflação continue a se aproximar de sua meta de 2%, já que a necessidade de limitar o crescimento econômico já não se faz presente.
O BCE já diminuiu as taxas de juros quatro vezes em 2024, e os investidores estão prevendo mais cortes em 2025, à medida que os temores com a inflação diminuem consideravelmente e a preocupação com o crescimento econômico fraco se torna mais relevante.
"Se os dados que estão chegando continuarem a confirmar nosso cenário básico, a direção da viagem é clara e esperamos reduzir ainda mais as taxas de juros", disse Lagarde em um discurso em Vilnius.
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