Dólar recua globalmente durante o Carnaval, mas política pode conter queda no Brasil
gazetadevarginhasi
5 de mar.
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O dólar recuou frente às principais moedas globais no início desta semana, refletindo o temor dos mercados em relação aos impactos das tarifas impostas por Donald Trump aos maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos.
O DXY — índice que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes — caiu cerca de 1,7% entre o final da semana passada e esta terça-feira (4), indo para aproximadamente 105,6 pontos, o nível mais baixo desde dezembro do ano passado.
Enquanto os mercados globais digerem os efeitos dessas tarifas sobre a maior economia do mundo, o Brasil teve os indicadores financeiros fechados devido ao feriado de Carnaval. As operações retornam na tarde desta quarta-feira (5), e, apesar do clima de cautela internacional, o cenário interno deve ajudar a limitar a queda da moeda americana frente ao real.
Alexandre Espírito Santo, economista e coordenador do curso de Economia e Finanças da ESPM, destaca a política interna como um fator importante para que o Brasil não siga a tendência global de enfraquecimento do dólar. "É importante entender que, embora o dólar no Brasil seja impactado pelo mercado internacional, temos nossos próprios desafios", afirmou em entrevista ao CNN Money.
Ele citou, como exemplo, o impacto negativo sobre o câmbio pela nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última sexta-feira (28).
"É necessário avaliar se a política interna pode afetar o dólar no Brasil", ponderou o economista.
Espírito Santo também mencionou recentes ações do governo Lula, como o programa Pé-de-Meia e a medida provisória que altera as regras do saque-aniversário do FGTS, no contexto da queda de popularidade do presidente. "Essas iniciativas não ajudam o Banco Central a manter a inflação dentro da meta, que é o trabalho que ele vem tentando fazer com o aumento da taxa de juros", explicou.
Bolsas internacionais registraram queda As bolsas de valores ao redor do mundo também apresentaram queda nesta terça-feira, após os Estados Unidos anunciarem tarifas de 25% para importações do México e Canadá, além de uma taxa extra de 10% para produtos chineses, totalizando 20%.
Em Wall Street, o Dow Jones caiu 1,55%, o S&P 500 perdeu 1,22% e a Nasdaq recuou 0,35%.
Na Europa, o Stoxx 600, que reúne as principais empresas do continente, fechou com queda de 2,14%. O EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Ibovespa em Wall Street, também terminou no vermelho, com perda de 0,95%. Durante a sessão, o tombo chegou a 2%.
Celson Plácido, CEO da AMW – Asset Management by Warren, afirma que as bolsas continuarão pressionadas devido ao aumento das tensões comerciais entre os EUA e seus principais parceiros. "Com taxas de juros mais altas, lucros empresariais em queda, maior despesa financeira e a inflação corroendo a renda da população, os impactos das tarifas devem ser sentidos globalmente", explicou.
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