De cenário de ataques a espaço de cultura: Praça dos Três Poderes terá R$ 22 milhões em obras
gazetadevarginhasi
23 de abr.
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Valter Campanato/Agência Brasil
Revitalização da Praça dos Três Poderes busca resgatar atratividade e segurança do local.
Após mais de quatro décadas vendendo miniaturas de monumentos como “Os Candangos”, a artesã Raimunda Rodrigues, de 63 anos, vê na Praça dos Três Poderes mais que um ponto turístico. “Ela é como minha mãe”, diz, ao descrever o vínculo afetivo com o local onde trabalha desde jovem. Para ela, melhorar a estrutura da praça é essencial para atrair mais visitantes e valorizar o espaço que reúne o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Na última terça-feira (22), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciaram uma parceria para revitalizar a praça mais emblemática de Brasília. O projeto prevê um investimento inicial de R$ 744,6 mil, além de obras estimadas em cerca de R$ 22 milhões, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os recursos devem ser captados por meio da Lei Rouanet.
Se o cronograma for mantido, as obras começam em julho e a entrega está prevista para o segundo semestre de 2026. Entre as ações previstas estão a recuperação do piso e de estruturas comprometidas, restauração de obras de arte, melhorias na acessibilidade e na sinalização, além da instalação de câmeras de segurança e iluminação renovada.
O presidente do Iphan, Leandro Grass, destacou a importância de garantir fluidez e segurança no espaço. A lembrança dos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando vândalos utilizaram pedras portuguesas da praça para agredir policiais, reforçou a necessidade de tornar o ambiente seguro e acolhedor. “Essa praça não pode ser campo de batalha, de guerra, ou de terrorismo. Tem que ser a praça para o povo”, afirmou.
Outras melhorias incluem novos bancos e áreas cobertas para garantir conforto nos dias quentes ou chuvosos. A definição das prioridades surgiu a partir de uma consulta pública com mais de 100 participantes.
O projeto também contempla a restauração de símbolos do local, como a escultura “Os Candangos”, o Museu da Cidade, o espaço Lúcio Costa, o Marco Brasília, o Pombal e as hermas de Israel Pinheiro, Juscelino Kubitschek e Tiradentes.
Além disso, o Iphan anunciou investimentos complementares via Novo PAC: R$ 500 mil para o projeto de restauro do Museu Vivo da Memória Candanga e R$ 200 mil para o Catetinho.
Mesmo encantados com a imponência do local, turistas como Andrea Lourenço, de 48 anos, e Gleifer Machado, de 45, vindos do Rio de Janeiro, notaram a baixa movimentação e carência de infraestrutura. “Esperava mais pessoas aqui”, comentou Andrea. “Poderia ter mais estrutura mesmo para andar por aqui”, completou Gleifer, esperançoso de voltar e aproveitar o espaço com mais conforto e opções culturais.
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