Por causa da construção de um condomínio, um barranco imenso surgiu atrás das casas.
O deslizamento de terra que derrubou parte do muro de uma casa no bairro Tiradentes, em Poços de Caldas (MG), preocupa moradores de pelo menos outras 10 residências. Isso porque com a construção de um condomínio, um barranco imenso surgiu atrás das casas.
A pancada de chuva que caiu na tarde de domingo (1º) fez parte de um barranco deslizar e atingir o muro de uma casa. A enxurrada e a lama se espalharam pelo quintal, causando um susto enorme. "Eu tava dormindo e acordei com o barulho que fez, olhei pela janela e falei pronto: o muro estourou. Primeira coisa que veio na minha cabeça foi, se cedeu ali, vai terminar de ceder o resto. Aí a nossa preocupação era o muro cair, aí a gente já falou, vamos pra fora, vamos pra frente, foi desesperador", disse a auxiliar de despachante Camila Santos Braga.

Atrás da residência está sendo construído um condomínio com vários prédios. A obra fez surgiu um barranco imenso. O que revolta os moradores é que eles já tinham alertado os responsáveis pela construção alguns dias atrás, de que a terra estava descendo e pressionando o muro.
"Com certeza, várias vezes e olha que a gente é leigo no assunto, mas qualquer pessoa que você conversa falava que já tinha problema", disse o despachante Jair Silva Neto.
A empresa limpou o quintal e colocou as escoras até reconstruir o muro. Agora os moradores de pelo menos outras 10 residências estão preocupados porque o período chuvoso ainda nem começou. O medo é que o barranco venha abaixo quando as chuvas vierem. "Quando foi vendido os terrenos para todos os moradores, falaram que atrás da nossa casa seria área verde e não poderia construir nada. E aí veio a Defesa Civil ontem avisando que depois que passou pelo planejamento, liberaram a terraplanagem, então a gente vê uma incoerência de informações, que a gente fica com medo. Então ainda mais que em dezembro vai começar a descer a chuva mais forte, então a gente fica com medo desse barranco acabar descendo na nossa casa", disse o engenheiro de produção, Leandro Campos.
"O certo seria que fosse cimentado, até pra que essa água escoasse e não tivesse nenhum problema posterior, porque após a construção quem vai cuidar disso? o condomínio? como vai ter acesso? Então a gente gostaria que essa construção fosse feita e entregue de forma que a gente não tivesse nenhum problema depois", disse a advogada Bruna Vilela.

Há algumas semanas atrás, uma pedra grande desceu pelo barranco e atingiu o muro da casa de um dos moradores. Preocupado, ele foi atrás da empresa.
"Foi questionado o engenheiro da obra, e ele falou que não tinha perigo porque ele estava fiscalizando, inclusive a pedra bateu na parede da nossa casa e voltou. E se essa pedra entra? não é pedra pequena. Nós somos a minoria, eles são a maioria, eles chegaram, invadiram e encostaram a terra no muro sem questionar nenhum morador", disse o motorista José Ricardo Rosa.
Nesta segunda-feira (2), trabalhadores da construtora retiravam parte da terra que se acumulou nos muros dos moradores. Na parte de cima da obra, máquinas fizeram um desvio para evitar que a água da chuva desça pela encosta.
"Perguntamos como vai ser feito, como vai funcionar esse talude, a estrutura, a segurança, a resposta é sempre que quando terminar vai avaliar o que vai ser feito, então a gente espera que esse avaliar seja agora, que seja limpa essa terra, tire dos nossos muros, façam o muro deles, porque quando a gente mudou a gente precisou fazer o nosso muro, eles não têm muro, eles estão utilizando do nosso e que a água tenha uma saída, hoje não tem dreno nenhum", disse o coordenador de suporte Adriano Evangelista. A Defesa Civil esteve no bairro. O coordenador explica que vai acompanhar as intervenções que estão sendo feitas pela empresa para reavaliar a situação.
"Preliminarmente a obra já possui todas as autorizações, toda documentação necessária, porém nós encaminhamos ao planejamento para que eles façam uma nova análise", informou o coordenador da Defesa Civil de Poços de Caldas, Mauro Barbosa Filho.
Mesmo com as obras, conviver com o barranco atrás das casas ainda assusta os moradores. "Claro que o medo de perder a vida é muito maior, que é o bem maior é nossa família, o bem material a gente corre atrás depois", completou a auxiliar de despachante Camila Santos Braga.
