Disputa por territórios na Síria gera temor de volta do Estado Islâmico
A disputa entre diferentes grupos rebeldes pelo controle de partes da Síria tem gerado grandes preocupações sobre a possibilidade de o Estado Islâmico (ISIS) retornar como uma força militar e política no país. O vácuo de poder criado pela queda repentina do regime de Bashar al-Assad tem incentivado esses grupos a atacar antigos inimigos, tentando expandir seu domínio e garantir o controle de novas áreas.
Entre esses grupos, o Estado Islâmico se destaca, especialmente por ter proclamado um califado com leis extremamente radicais durante a guerra civil. Durante seu domínio, práticas como decapitações de combatentes inimigos e de pessoas não muçulmanas que se opunham ao ISIS eram comuns.
De acordo com informações de grupos rebeldes aliados dos Estados Unidos, os militantes do ISIS, que ainda operam no deserto sírio, estão planejando novos ataques, com foco principal na libertação de milhares de seus combatentes, que estão detidos em grandes prisões no leste da Síria. Esses prisioneiros estão sob a guarda das Forças Democráticas da Síria (SDF, na sigla em inglês), uma aliança de milícias curdas que têm o apoio dos Estados Unidos.
Nos últimos dias, a SDF relatou que os campos onde o ISIS está detido têm sido alvo de vários ataques, alguns dos quais aparentemente realizados por outros grupos rebeldes aliados da Turquia, que têm animosidade histórica contra os curdos.
Esse cenário de incerteza levou a SDF a suspender suas operações militares contra o ISIS, o que dificulta ainda mais os esforços dos Estados Unidos para impedir que o grupo radical se reorganize. O comandante principal da SDF, General Mazloum Abdi, revelou à CNN que teve que mover os prisioneiros do ISIS para outras instalações mais seguras, devido às ameaças crescentes.
A SDF foi o principal aliado dos Estados Unidos na luta que levou à queda do califado do ISIS. A preocupação dos Estados Unidos com o possível retorno do ISIS é tão intensa que, logo após a queda de Assad, o presidente Joe Biden autorizou ataques aéreos em pelo menos 75 posições do grupo dentro da Síria.
Se os combates entre os grupos rebeldes continuarem e o ISIS conseguir libertar seus prisioneiros, é praticamente certo que o grupo voltará a atuar ativamente, trazendo de volta as atrocidades associadas a um dos grupos extremistas mais cruéis da história recente.
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