Economia brasileira empaca em fevereiro e sinais de desaceleração preocupam
- gazetadevarginhasi
- 14 de abr.
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A economia brasileira ficou estagnada na passagem de janeiro para fevereiro, segundo dados do Monitor do PIB, estudo mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), divulgado nesta segunda-feira (14). A pesquisa aponta ainda sinais de desaceleração da atividade econômica nos últimos meses.
A estagnação registrada em fevereiro, com variação de 0%, considera os dados dessazonalizados — ou seja, corrigidos para eliminar os efeitos sazonais, permitindo comparações mais precisas entre diferentes períodos.
Em relação a fevereiro de 2024, porém, houve um crescimento de 2,7%, e no acumulado de 12 meses, o PIB brasileiro avançou 3,1%. O estudo funciona como uma prévia dos dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulga os resultados trimestralmente — o próximo está previsto para o dia 30 de maio, referente ao primeiro trimestre de 2025.
Setores em marcha lenta
De acordo com Juliana Trece, economista e coordenadora do estudo, a estagnação entre janeiro e fevereiro é reflexo do equilíbrio entre crescimentos na indústria e nos investimentos, que foram anulados por quedas no consumo das famílias, na agropecuária e nas exportações. O setor de serviços, o maior da economia, ficou estável no período.
“Apesar de alguns destaques positivos, há perda de força da economia, com retrações em componentes importantes do PIB”, afirmou Juliana. Ainda assim, ela destaca que, mesmo com incertezas externas e tendência de alta da taxa básica de juros interna, não houve retração econômica.
Pressões internas e externas
No cenário internacional, pesa a guerra tarifária promovida pelos Estados Unidos, sob o governo de Donald Trump, que aumentou as tarifas sobre exportações de diversos países, principalmente a China. No caso brasileiro, uma tarifa mínima de 10% será aplicada à maior parte dos produtos exportados, com 25% para aço e alumínio. As medidas também foram espelhadas pelo governo chinês, intensificando as tensões comerciais globais.
Internamente, o Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), segue elevando a taxa Selic desde setembro, como forma de conter a inflação. Em março, a taxa foi novamente elevada, e a sinalização é de que novos ajustes ocorrerão, ainda que de forma mais moderada, já na reunião de maio.
Nos 12 meses até fevereiro, o IPCA acumulou alta de 5,48%, acima do teto da meta do governo, fixada em 4,5% (com tolerância de 1,5 p.p.). Esse é o maior patamar desde fevereiro de 2023, quando chegou a 5,60%. Com os juros mais altos, o crédito encarece, o consumo desacelera e os investimentos tendem a ser adiados, o que colabora para esfriar a economia.
Indicadores de atividade
No acumulado de 12 meses até fevereiro:
O consumo das famílias cresceu 2,7%, mas abaixo dos 4,8% registrados no trimestre móvel encerrado em novembro;
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos, avançou 8,2%, também abaixo dos 10% registrados no trimestre anterior;
As exportações caíram 2,8%, revertendo a alta de 2,7% observada em novembro. A retração se deve, principalmente, à queda nas exportações de produtos agropecuários e da indústria extrativa mineral.
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