Economistas elevam previsões para inflação, Selic e PIBa
Os economistas consultados pelo Banco Central revisaram novamente suas previsões econômicas, apresentando um cenário mais pessimista para a inflação, o dólar e o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.
Além disso, as expectativas para a Selic, a taxa básica de juros, também foram elevadas para 2025 e 2026, sinalizando preocupações com a trajetória da economia.
O Boletim Focus, divulgado navsegunda-feira (23), aponta que o mercado financeiro projeta que o dólar encerrará o ano cotado a R$ 6, patamar inédito.
Na última sexta-feira (20), a moeda americana fechou a R$ 6,071, tendo alcançado um pico de R$ 6,30 durante a semana anterior.
Essa alta expressiva levou o Banco Central a intervir no mercado cambial, realizando leilões extras de dólares diariamente desde o dia 13, com exceção de quarta-feira (18).
As projeções para o dólar nos próximos anos também subiram.
Para 2025, espera-se que a moeda atinja R$ 5,90, contra uma estimativa anterior de R$ 5,85.
Em 2026, a previsão foi ajustada de R$ 5,80 para R$ 5,84, e para 2027, subiu de R$ 5,70 para R$ 5,80, indicando que o mercado vê um cenário de persistente valorização do dólar frente ao real.
Quanto à Selic, as expectativas para os próximos dois anos também mostraram alta significativa.
Para 2025, a previsão subiu de 14% para 14,75%, enquanto para 2026 passou de 11,25% para 11,75%.
Atualmente, a taxa está em 12,25% ao ano, e o Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou a possibilidade de mais dois aumentos de 1 ponto percentual, refletindo preocupações com os riscos de aceleração inflacionária devido às recentes medidas fiscais do governo.
O Banco Central apontou que há uma deterioração adicional em componentes-chave para a formulação da política monetária, como câmbio, inflação corrente e expectativas de mercado.
A autoridade monetária também destacou que impulsos fiscais e de crédito estão contribuindo para reduzir os efeitos do aperto monetário implementado com o objetivo de controlar a inflação.
As projeções para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) também foram revisadas. Para 2024, o índice foi ajustado de 4,89% para 4,91%, e para 2025, de 4,6% para 4,84%.
No entanto, as previsões para 2026 e 2027 permaneceram estáveis, em 4% e 3,8%,
respectivamente.
Essas revisões ocorrem após uma semana marcada pela aprovação de projetos do pacote fiscal do governo no Congresso, que busca equilibrar as contas públicas e reduzir o déficit. Contudo, o pacote foi desidratado durante a tramitação, com o Ministério da Fazenda estimando uma redução de R$ 2,1 bilhões no impacto inicial de R$ 71,9 bilhões.
Economistas, no entanto, avaliam que a potência fiscal das medidas pode ter caído entre R$ 8 bilhões e R$ 20 bilhões, o que agrava as incertezas sobre a capacidade do governo de ajustar suas contas.
A combinação de câmbio em alta, inflação persistente e políticas fiscais insuficientes reforça o clima de incerteza econômica, colocando pressão adicional sobre a política monetária e sobre a confiança dos agentes de mercado.
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