Busca teve início há três anos, quando ele notou que túmulo estava descaracterizado no cemitério de Borda da Mata (MG). Quatro pessoas estavam enterradas no jazigo.
Pedro Júlio Venâncio está em busca dos corpos de quatro familiares que desapareceram do túmulo em que estavam enterrados no cemitério de Borda da Mata (MG). A procura pelos restos mortais dos familiares teve início há três anos, quando ele notou que jazigo estava descaracterizado.
Dois irmãos, o avô e a avó dele estavam enterrados no túmulo da família. Quando foi levar flores no local, ele verificou que os azulejos e a decoração haviam sido removidos. Segundo ele, soube por meio do coveiro da época que os corpos dos familiares haviam sido retirados e outro cadáver já havia sido enterrado no local. O eletricista disse que não foi informado, desde então, para onde os corpos dos familiares foram levados. “Me deparei com o túmulo onde temos uma escritura, mas que não era o da gente. Tínhamos um túmulo com azulejos, todo finalizado e com apenas um andar. Quando eu cheguei, não estava mais o meu e já tinha um segundo túmulo no mesmo lugar, com dois andares. Aí eu procurei o coveiro, que toma conta dessa parte, conversei com ele. Ele falou para mim que, uma semana antes havia sido enterrada outra pessoa no túmulo da minha família. Aí fica a pergunta: Cadê os corpos da minha família?”, questionou ele em entrevista à EPTV, afiliada TV Globo.

O eletricista disse que procurou o Departamento de Obras da prefeitura, que é responsável pelo cemitério da cidade. O secretário da época, de acordo com ele, prometeu uma solução. “Ele comentou comigo que ia ver o que havia acontecido e que iria resolver o caso, e ia dar como estava o túmulo da gente, que ia ser devolvido da mesma forma. Na época eu confiei, acreditei na palavra dele”, relembrou.
“Não é porque morreu que a gente vai abandonar. Mas eu pergunto, onde eles estão? Para uma mãe isso é muito sofrido. A gente quer trazer uma flor, quer vir aqui, mas não tem condições”, disse Walquiria Aparecida Carvalho de Oliveira, costureira, que é mãe do eletricista.
Este ano, Pedro retornou ao cemitério para visitar o túmulo dos parentes, acreditando que a prefeitura teria solucionado o caso. Ao chegar ao local, no entanto, encontrou o túmulo aberto, com as gavetas expostas.
Ele fez então um boletim de ocorrências e acionou a Justiça. Segundo a advogada que defende a causa, a responsabilidade em relação ao sumiço dos corpos e da descaracterização dos túmulos é da prefeitura.
“Quando ocorre o rompimento dos jazidos, a responsabilidade civil é da prefeitura, em ressarcir os danos morais, os danos materiais, em virtude da família chegar e ter os corpos todos desaparecidos”, destacou a advogada Natália Arruda Dalló Pereira.
“Isso não é bem material, não é nada. É sentimental. É um sentimento que não vai se recuperado mais. Esses corpos, provavelmente, nunca mais vão ser achados”
