Estudo da Unicamp aponta que cafeicultura no Sulde Minas pode reter carbono no solo por até 15 anos
31 de dez. de 2024
Reprodução
Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que a cafeicultura no Sul de Minas tem o potencial de armazenar carbono no solo por até 15 anos, contribuindo de forma significativa para a mitigação das mudanças climáticas. A pesquisa, que envolveu cinco propriedades de médio porte, analisou 300 amostras de solo e considerou práticas locais que favorecem o sequestro de carbono.
A escolha do Sul de Minas para o estudo foi estratégica, como explicou a pesquisadora Renata Gonçalves: "É uma região tradicional no cultivo de café, com vastas áreas dedicadas à produção, o que nos possibilitou coletar dados robustos."
Segundo o engenheiro-agrônomo João Paulo da Silva, especialista no estudo, o sequestro de carbono ocorre quando o gás é retirado da atmosfera por meio da fotossíntese e armazenado nas plantas, especialmente nas raízes, folhas e caules. Esse processo ajuda a reduzir a concentração de carbono atmosférico, colaborando na mitigação do aquecimento global.
João Paulo destaca que esse processo é similar ao que ocorre nas florestas: à medida que o café cresce, ele retira carbono da atmosfera e o armazena no solo e na planta. No entanto, após 15 anos, o potencial de sequestro começa a diminuir, o que exige a adoção de práticas para manter os estoques de carbono.
O estudo também identificou várias estratégias para otimizar o armazenamento de carbono. Uma das práticas recomendadas é a redução do uso de adubos nitrogenados sintéticos, pois esses fertilizantes liberam óxido nitroso, um gás com um potencial de aquecimento global 273 vezes maior que o dióxido de carbono. Outra prática observada com bons resultados foi o manejo do solo por meio da deposição de matéria orgânica, como folhas e palha. Isso contribui para reter o carbono no solo, evitando que ele seja liberado como poluente.
Renata Gonçalves enfatizou que os produtores têm adotado a prática de deixar mais resíduos orgânicos no solo, o que ajuda a armazenar o carbono de forma eficaz. Para João Paulo, o sequestro de carbono pela cafeicultura é uma ferramenta valiosa para um futuro mais sustentável. No entanto, ele alerta que é necessário adotar ações estruturais além da compensação de emissões. "Não basta apenas compensar as emissões. Precisamos reduzir a emissão de gases poluentes enquanto aumentamos a eficiência no sequestro de carbono", afirmou.
A pesquisa destaca o papel crucial da cafeicultura sustentável, não apenas como uma produtora de alimentos, mas também como aliada no combate às mudanças climáticas, ressaltando a importância de estratégias combinadas para equilibrar emissões e retenção de carbono.
Komentarze