Estudo revela que 76% das mulheres brasileiras não conseguem poupar e recorrem a empréstimos

Um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com a 99Pay revelou um preocupante retrato da vulnerabilidade financeira das brasileiras: 76% das mulheres do país não possuem nenhuma reserva de emergência. O índice supera o já elevado percentual dos homens, que é de 70%.

O estudo aponta ainda que 76% das mulheres buscaram empréstimos nos últimos 12 meses, frente a 73% dos homens. De acordo com a educadora financeira Paula Bazzo, a desigualdade salarial e a sobrecarga invisível de trabalho doméstico são fatores centrais:

“As mulheres recebem, em média, 21% a menos que os homens na mesma função. Além disso, trabalham cerca de 21 horas semanais a mais em tarefas domésticas não remuneradas, o que impacta sua qualificação e avanço profissional.”

O problema não se restringe ao volume de dívida, mas à sua natureza: 87% das mulheres que recorrem a empréstimos o fazem para cobrir emergências familiares ou dívidas antigas — raramente para consumo supérfluo. Como explica o diretor de pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Resende Cunha:

“A maioria recorre a crédito para pagar um conserto de carro, tratar uma doença, comprar medicamentos não cobertos pelo SUS ou lidar com outras emergências familiares.”

A situação da dona de casa Silvany Madalena de Jesus, viúva e mãe de quatro filhos, ilustra a realidade de muitas mulheres:

“Nada de poupança, nem um real. Estou devendo. As contas só aumentam.”

Desempregada há cinco anos, Silvany sonha em, um dia, limpar o nome e juntar uma reserva:

“Gostaria de ter um dinheirinho guardado. É importante, principalmente sendo mãe, avó e bisavó.”

O estudo reforça o desafio de políticas públicas voltadas ao fortalecimento da educação financeira feminina e à redução das desigualdades estruturais, que deixam as mulheres mais expostas a crises financeiras cotidianas.