Estudo revela que superbactérias matam mais que Aids e malária e 99% dos brasileiros não têm tratamento adequado
gazetadevarginhasi
6 de mai.
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Um novo estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases revelou que o Brasil enfrenta uma grave crise silenciosa: apenas 0,36% dos infectados por superbactérias recebem o tratamento adequado. Em 2019, foram registrados cerca de 101 mil casos de infecção por bactérias resistentes no país, mas somente 363 pessoas conseguiram acesso aos antibióticos corretos.
A taxa brasileira é muito inferior à média de países de renda média e baixa (6,9%), e distante dos líderes como México e Egito, com cerca de 15% de acesso. A resistência antimicrobiana (RAM) já é considerada uma das maiores ameaças globais à saúde pública, segundo a OMS.
Essas infecções causaram diretamente 1,27 milhão de mortes em 2019, mais do que a Aids e a malária no mesmo período. Indiretamente, estima-se que tenham contribuído para quase 5 milhões de óbitos. Projeções indicam que até 2050, essas mortes podem chegar a 1,9 milhão por ano.
Além da automedicação e uso indevido de antibióticos, o estudo destaca um problema ainda mais crítico: mesmo pacientes diagnosticados corretamente não conseguem iniciar o tratamento por falta de acesso a exames específicos, alto custo dos medicamentos e baixa oferta de antibióticos de última geração.
O Brasil também enfrenta consequências da pandemia nesse cenário: infecções hospitalares com bactérias resistentes triplicaram, segundo a Fiocruz. Protocolos foram relaxados e antibióticos foram usados indiscriminadamente.
Especialistas alertam que o problema exige investimentos em novos antibióticos, diagnósticos rápidos e políticas públicas de acesso ao tratamento. Atualmente, o desenvolvimento de novos antibióticos está estagnado devido ao baixo retorno financeiro para as indústrias farmacêuticas.
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