Expansão urbana no Brasil supera crescimento populacional
gazetadevarginhasi
27 de mar.
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O volume de imóveis nas cidades brasileiras tem crescido em um ritmo mais acelerado que a própria população. Essa é a principal conclusão de um estudo inédito publicado nesta quarta-feira (26) pelo WRI Brasil. A pesquisa analisou a evolução da ocupação urbana no país entre 1993 e 2020, destacando padrões de crescimento das cidades.
De acordo com Henrique Evers, gerente de desenvolvimento urbano da WRI, o estudo vai além da simples identificação da expansão territorial das cidades. Ele cruza dados demográficos, de uso do solo e do volume de construções para compreender como os centros urbanos têm se transformado.
"A partir desses dados, conseguimos classificar diferentes perfis de cidades. Algumas apresentaram um crescimento horizontal intenso, que chamamos de espraiamento urbano. Outras tiveram esse mesmo processo, mas de forma mais controlada. Há ainda cidades com crescimento estável e aquelas que passaram por uma forte verticalização", explica Evers.
Expansão urbana por categoria
O estudo dividiu as cidades em três grupos: pequenas (menos de 500 mil habitantes, representando 77% do total), médias (entre 500 mil e 1 milhão de habitantes, 11%) e grandes (acima de 1 milhão de habitantes, 12%).
As metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre foram as que mais cresceram na verticalização, concentrando moradores e serviços em espaços reduzidos. Segundo Evers, esse modelo urbano pode trazer benefícios, como melhor acesso a oportunidades e maior eficiência na mobilidade, reduzindo consumo de energia e emissões de poluentes.
Por outro lado, as grandes cidades também registraram o maior crescimento no volume de construções, sem que isso acompanhasse o ritmo demográfico.
"Muitas dessas cidades estão com população estagnada ou até em redução, mas isso não impediu a continuidade da expansão imobiliária, especialmente na verticalização", aponta o pesquisador.
O estudo sugere que esse fenômeno pode estar relacionado à financeirização do espaço urbano. Isso ocorre quando imóveis são construídos para especulação imobiliária, permanecendo desocupados enquanto seus valores se valorizam no mercado.
Cidades médias e pequenas crescem de forma dispersa
Já nas cidades médias e pequenas, o crescimento ocorreu de maneira predominantemente horizontal. Isso foi observado em locais como Campo Grande, Cuiabá, Natal, Manaus, Palmas e Teresina, onde a urbanização se deu de forma mais dispersa.
Para os pesquisadores, compreender como os centros urbanos se expandem é fundamental para a formulação de políticas públicas eficientes. O objetivo é otimizar a ocupação das cidades, garantindo acesso adequado a moradia, serviços e infraestrutura com menor impacto ambiental e climático.
"A dinâmica da expansão urbana está diretamente ligada às mudanças climáticas, tanto na necessidade de reduzir emissões de gases de efeito estufa quanto na adaptação para cidades mais eficientes", conclui Evers.
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