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Extermínio em Massa": A Verdade Sobre a Prisão Saydnaya, Símbolo da Ditadura de Assad

Extermínio em Massa": A Verdade Sobre a Prisão Saydnaya
Divulgação
Quando o regime de Bashar al-Assad chegou ao fim, em um domingo histórico, os cidadãos de Damasco e outras partes da Síria celebraram a queda de décadas de autoritarismo. No entanto, para os familiares dos detidos, o momento de alegria foi ofuscado pela angústia e pela busca por respostas. Durante a agitação, milhares de pessoas se dirigiram à prisão de Saydnaya, a mais secreta e temida do regime, à procura de notícias dos seus entes queridos, muitos dos quais estavam desaparecidos há anos, alguns há décadas.

Os rebeldes, apoiados por civis, libertaram os prisioneiros que haviam sobrevivido ao longo dos anos e usaram máquinas escavadoras para tentar localizar mais detidos, provavelmente em celas subterrâneas. As equipes da Defesa Civil Síria, os Capacetes Brancos, estavam trabalhando incansavelmente para acessar essas áreas, onde se acredita que dezenas de milhares de prisioneiros estavam aprisionados. De acordo com a Associação dos Detidos e Desaparecidos da Prisão de Saydnaya (ADMSP), todos os prisioneiros foram libertados até a última segunda-feira à tarde.

Uma Prisão de Terror e Tortura

A prisão de Saydnaya foi descrita como um "matadouro humano" por organizações de direitos humanos, que documentaram o sofrimento de milhares de pessoas que foram detidas, torturadas e executadas desde o início do conflito sírio, em 2011. Relatos de prisioneiros libertados indicam que, em uma das salas, os corpos dos detidos eram esmagados por uma prensa, com os restos dissolvidos em ácido, conforme descrito pelos rebeldes.

A Amnistia Internacional denunciou a existência de uma “política de extermínio” na prisão, destacando que entre 2011 e 2015, cerca de 13 mil pessoas foram enforcadas em Saydnaya. As execuções aconteciam regularmente, com dezenas de enforcamentos semanais, geralmente à noite, longe dos olhos da sociedade. A prisão foi estabelecida nos anos 80, cerca de 30 km ao norte de Damasco, e tornou-se o centro de repressão do regime de Assad, onde opositores políticos e suspeitos de dissidência eram mantidos sob tortura extrema.

Por décadas, Saydnaya foi administrada pela polícia militar síria e pelos serviços secretos do regime. Um ex-oficial contou à Amnistia Internacional que, a partir de 2011, Saydnaya se tornou a "principal prisão política da Síria". Mais de 30 mil prisioneiros morreram entre 2011 e 2018 devido à tortura, negligência médica ou fome, de acordo com grupos de direitos humanos. Além disso, estima-se que pelo menos 500 detidos foram executados entre 2018 e 2021.

O Inferno de Saydnaya

O complexo prisional de Saydnaya permaneceu em segredo por muitos anos, com o interior nunca tendo sido fotografado ou filmado até o momento da sua liberação. O local possuía dois grandes blocos de detenção, capazes de abrigar entre 10 e 20 mil pessoas. O "Edifício Branco", segundo defensores dos direitos humanos, foi projetado para encarcerar militares e oficiais acusados de traição. O "Edifício Vermelho", por sua vez, foi reservado para os opositores do regime e inicialmente abrigava supostos membros de grupos islamistas. Sua arquitetura em forma de "Y" possuía três corredores que se ramificavam a partir de um núcleo central.

Aymeric Elluin, da Amnistia Internacional, revelou que as execuções em massa aconteciam, geralmente, nas segundas e quartas-feiras, no porão do Edifício Vermelho, após "julgamentos fictícios" que não passavam de três minutos. As vítimas eram espancadas, enforcadas e eliminadas, tudo isso em segredo absoluto.

Além das execuções e torturas, Saydnaya também ficou marcada por desaparecimentos forçados. A ONU estima que mais de 100 mil sírios desapareceram desde 2011 e muitos desses indivíduos podem ter passado pela prisão de Saydnaya ao longo dos anos.

Mistério sobre Celas Subterrâneas

Existem alegações sobre prisioneiros sendo mantidos em andares subterrâneos, atrás de portas eletrônicas e fechaduras rígidas. Charles Lister, do Middle East Institute, sugeriu que centenas, talvez milhares de detentos poderiam estar em células subterrâneas. No entanto, a ADMSP refutou essas alegações, chamando-as de infundadas e imprecisas. Segundo a organização, o edifício estava vazio e não havia qualquer evidência de prisioneiros detidos no subsolo.

A descoberta da verdade sobre Saydnaya e a libertação dos prisioneiros sobreviventes marcam um ponto de virada na história da Síria, representando uma vitória simbólica para a resistência e os direitos humanos no país.
Fonte: euronews

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