Fusão Azul-Gol avança com aval do governo, mas levanta debate sobre concorrência
28 de jan.
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Governo apoia possível fusão entre Azul e Gol para fortalecer aviação brasileira.
Uma fusão entre as companhias aéreas Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) pode estar a caminho e já conta com o aval do governo federal. A medida é vista como estratégica para fortalecer o setor de aviação no Brasil, além de prevenir problemas financeiros que possam atingir qualquer uma das empresas. A declaração foi feita pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em entrevista à agência Reuters.
“A prioridade nossa do governo é preservar a aviação do país, fortalecer. Mas, sobretudo, preservar a geração de empregos e renda”, afirmou o ministro. Para ele, a união entre Azul e Gol é positiva e ajudará a garantir maior estabilidade ao setor aéreo nacional.
Plano estratégico e mercado concentradoAzul e Gol anunciaram recentemente um memorando de entendimento não vinculante, mostrando interesse em combinar suas operações no Brasil. Se a fusão for concretizada, a nova empresa se tornará a líder do mercado doméstico, com cerca de 60% de participação, enquanto a chilena Latam (LTM), atual concorrente direta, ficará com 40%.
A possibilidade de concentração de mercado, porém, gerou preocupações entre especialistas. Críticos apontam que a fusão pode elevar tarifas para os consumidores. Em resposta, Silvio Costa Filho defendeu que a medida poderia beneficiar o público ao melhorar a conectividade regional, reduzir custos de crédito e tornar a malha aérea mais eficiente.
O presidente-executivo da Latam, Jerome Cadier, demonstrou cautela e afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) precisará impor “medidas de mitigação sérias” para proteger os consumidores. Gesner Oliveira, ex-presidente do Cade, compartilhou da mesma visão: “Se a fusão for adiante, o maior perdedor será o consumidor. Precisamos de mais competição, não de menos.”
O debate sobre a fusão promete ser intenso e deve mobilizar entidades reguladoras e o setor aéreo nos próximos meses.
Caso a fusão seja concluída, as duas empresas continuarão operando sob marcas distintas, mas unificadas em uma mesma estrutura.
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