Glaucoma cresce no Brasil, mas diagnóstico ainda é desafio no Norte e Nordeste
gazetadevarginhasi
27 de mai.
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O glaucoma é uma doença silenciosa e perigosa que, se não tratada adequadamente, pode levar à cegueira. Apesar de atingir pessoas de todas as idades, o diagnóstico e o tratamento ainda são um desafio em regiões como o Norte e o Nordeste do Brasil, onde a população enfrenta sérias dificuldades de acesso à saúde ocular.
Um exemplo comovente é o do pequeno Victor Hugo, diagnosticado com glaucoma congênito aos três anos. A mãe, Silviane Nascimento, relatou que o primeiro sinal de alerta surgiu quando perceberam que o menino mantinha os olhos fechados e só os abria no escuro. “Foi muito difícil esse primeiro momento de aceitação”, declarou.
A doença é uma das principais causas de cegueira no mundo e está frequentemente associada à elevação da pressão intraocular, que danifica progressivamente o nervo óptico. O tratamento precoce pode preservar a visão, mas isso depende do diagnóstico oportuno.
Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia revelam que, entre 2019 e 2024, foram realizados quase 10 milhões de exames oftalmológicos no Brasil. O número de pacientes atendidos aumentou de 1,37 milhão em 2019 para 2,25 milhões em 2023, o que representa um crescimento de 63%.
No entanto, a ampliação da cobertura foi desigual entre as regiões do país. Enquanto o Sudeste mais que dobrou a realização de exames, com alta de 116%, o Nordeste apresentou um crescimento modesto de apenas 24%.
Essa disparidade evidencia o obstáculo enfrentado por milhões de brasileiros que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente nas regiões mais carentes de infraestrutura médica. A dificuldade de acesso a consultas e exames compromete o diagnóstico precoce — essencial no combate ao glaucoma.
“A doença pode surgir desde o nascimento, embora seja mais comum em pessoas acima dos 50 anos”, alerta a oftalmologista Izabela Almeida. Ela reforça que o diagnóstico do glaucoma não é feito em exames simples, como o teste de grau para óculos. “É preciso medir a pressão intraocular e fazer o exame de fundo de olho para avaliar o nervo óptico”, explicou.
Diante desse cenário, o investimento em campanhas de conscientização e ampliação do acesso a exames oftalmológicos se mostra urgente para evitar que milhares de brasileiros percam a visão por falta de diagnóstico precoce.
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