Governo Federal prevê pressão de Trump por tarifa zero para etanol

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está se preparando para uma possível pressão por parte dos Estados Unidos, liderados novamente por Donald Trump, para zerar as tarifas de importação sobre o etanol. Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a alíquota para importação do biocombustível foi reduzida a zero em diversas ocasiões, beneficiando especialmente o etanol de milho produzido nos EUA, em um contexto de alta nos preços.

Em 2023, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) restaurou a tarifa de importação, fixando-a em 18%. Autoridades brasileiras acreditam que, embora o tema tenha sido abordado na gestão de Joe Biden, os pedidos eram menos intensos, sendo conduzidos principalmente pelo Departamento de Agricultura americano, sem grande impacto político.

Agora, com Trump de volta à Casa Branca, o governo Lula espera que a questão ganhe força devido à relevância do “Corn Belt” (Cinturão do Milho) nos Estados Unidos, principal região produtora de etanol e base eleitoral republicana. Dos seis estados que compõem o cinturão, cinco apoiaram Trump nas últimas eleições: Iowa, Nebraska, Missouri, Indiana e Kansas. Apenas Illinois votou pela vice-presidente democrata Kamala Harris.

Apesar da expectativa de maior engajamento de Washington em favor da tarifa zero, o governo brasileiro está se preparando para negociar contrapartidas. Em troca de uma eventual redução na alíquota de etanol, o Brasil pretende exigir maior abertura do mercado americano para o açúcar e a carne bovina, setores nos quais o país possui forte competitividade internacional.