Haddad diz que alta da Selic para 14,25% já era prevista desde 2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (19) que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a Taxa Selic de 13,25% para 14,25% ao ano já era prevista desde o final de 2024.

Segundo Haddad, a alta foi anunciada anteriormente pelo novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que já havia indicado, em dezembro do ano passado, a possibilidade de duas elevações consecutivas de 1 ponto percentual na Selic, em janeiro e março de 2025.

“Esse aumento [de juros], na verdade, teve um guidance no final do ano passado. O presidente do Banco Central disse em entrevista coletiva que o guidance seria observado”, declarou Haddad ao deixar o Ministério da Fazenda.

No mercado financeiro, guidance é um termo usado para indicar previsões ou direções futuras de uma empresa ou instituição.

A justificativa do Banco Central para a elevação da Selic é a necessidade de controlar a inflação, que permanece acima da meta do governo, e a instabilidade causada pelo aumento do dólar e dos preços da energia e dos combustíveis. O Copom já sinalizou que pode realizar um novo aumento na taxa em maio, mas em um ritmo menor.

A decisão, no entanto, gerou críticas dentro do próprio governo. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a medida terá impactos negativos na economia e aumentará os custos da dívida pública.

“Cada 1% a mais na taxa básica de juros representa um aumento de cerca de R$ 50 bilhões nos gastos com juros da dívida pública. O mercado fala de ajuste fiscal, mas pressiona por uma política monetária que causa um verdadeiro rombo nas contas públicas”, escreveu Lindbergh em sua conta no X (antigo Twitter).

Setores da indústria, comércio e construção civil também criticaram o aumento dos juros, alegando que a decisão pode desacelerar a economia e encarecer o crédito para empresas e consumidores.

A ata da reunião do Copom com mais detalhes sobre a decisão será publicada na próxima terça-feira (25).