Inflação registra maior desaceleração desde 1994; mas por que os preços dos alimentos continuam altos no supermercado?
12 de fev.
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O início de 2024 trouxe uma desaceleração da inflação em janeiro, o que, teoricamente, é uma boa notícia. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve o maior recuo mensal desde 1994, ano do Plano Real.
No entanto, essa redução geral não significa que todos os produtos ficaram mais baratos ou que os preços pararam de subir. Isso é evidente, por exemplo, no supermercado, onde, ao contrário da inflação geral, os preços dos alimentos tiveram seu quinto aumento consecutivo.
A inflação registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em janeiro foi de 0,16%, o que representa uma queda de 0,36 pontos percentuais em relação aos 0,52% de dezembro. Janeiro costuma ser um mês de inflação mais alta, mas, neste ano, o número foi contido em parte devido ao bônus da usina de Itaipu, um desconto de R$ 1,3 bilhão nas contas de luz, distribuído entre os brasileiros. Porém, esse alívio é temporário, conforme o economista Matheus Dias, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), que alerta que a tendência de aceleração da inflação provavelmente voltará em fevereiro.
No entanto, o grupo de alimentos e bebidas teve um aumento de 0,96% no mês, com a alimentação em domicílio subindo ainda mais, 1,07%. Já a alimentação fora de casa apresentou uma desaceleração, com a inflação caindo de 1,19% em dezembro para 0,67% em janeiro.
O impacto da alta dos alimentos é mais forte para as camadas sociais de renda mais baixa, que dedicam uma maior proporção do orçamento à alimentação, explica Matheus Dias. Em janeiro, o índice de alimentos foi especialmente influenciado pelas altas de cenoura (36,14%), tomate (20,27%) e café moído (8,56%). Esses aumentos estão associados aos eventos climáticos extremos — como chuvas fortes em algumas regiões e secas prolongadas em outras — que afetaram diversas culturas, incluindo o café. No entanto, 2025 não é um ano de El Niño, fenômeno que intensificou a seca no Brasil no ano passado.
Se não ocorrerem grandes surpresas climáticas, há uma expectativa de queda nos preços de alguns alimentos ao longo do ano.
"Esperamos uma possível queda ou uma alta menos intensa à medida que as safras melhorem. No entanto, isso não deve ocorrer no primeiro trimestre. As grandes commodities, como milho e soja, têm efeito em cascata e impactam diretamente os preços da carne suína e de aves, que têm grande peso no IPCA", prevê o economista.
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