O investimento estrangeiro na América Latina caiu quase 10% no ano passado, impactado por conflitos geopolíticos persistentes e taxas de juros elevadas, conforme informou a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) nesta quinta-feira (01). Segundo o relatório da Cepal, em 2023, a região recebeu US$ 184,3 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED), uma queda de 9,9% em relação ao ano anterior, representando cerca de 2,8% do PIB regional.
A queda foi influenciada principalmente pela redução nos fluxos de entrada no Brasil (-14%) e no México (-23%). O Peru registrou uma queda “bastante acentuada” de 65% nos investimentos estrangeiros, enquanto a Argentina e o Chile tiveram aumentos de 57% e 19%, respectivamente. Este foi o segundo ano consecutivo de redução do investimento global na região.
Por outro lado, as perspectivas de investimento regional para o futuro melhoraram em 2023, com um aumento de 16% nos anúncios de novos projetos, totalizando US$ 115 bilhões, em comparação aos US$ 99 bilhões anunciados em 2022.
A Cepal observou, contudo, que a América Latina enfrenta desafios de “baixa capacidade de crescimento”, caracterizados por um crescimento econômico baixo, volátil, excludente e insustentável, além de elevada desigualdade, governança ineficaz e baixa capacidade institucional.
O setor de serviços foi o mais afetado, com uma queda de 24% no investimento, enquanto os fluxos para recursos naturais aumentaram 16% e para a manufatura 9%. Este cenário sugere que as empresas transnacionais estão interessadas em “instalar capacidade de fabricação em países próximos aos Estados Unidos, com custos de mão de obra mais baixos e menos riscos de enfrentar barreiras geopolíticas”.
Os Estados Unidos e a União Europeia continuam sendo os principais investidores na região, enquanto os investimentos da China e de Hong Kong diminuíram. A Cepal concluiu que o investimento continua concentrado em setores e países que oferecem recursos naturais e mão de obra relativamente barata.
Fonte:CNN
Comments