Lula afirma que, sob sua liderança, não serão implementadas novas medidas fiscais e garante um futuro de "país de classe média".
30 de jan.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que continuará priorizando a responsabilidade fiscal em seu governo, mas garantiu que não adotará medidas de contenção de gastos.
Durante entrevista nesta quinta-feira (30), ele destacou que seu objetivo é construir um “país de classe média”.
“Ter estabilidade fiscal é algo muito relevante para o governo e para mim. Buscamos responsabilidade fiscal, queremos reduzir o déficit ao máximo e garantir que o país tenha sucesso”, declarou. “Não tenho outra medida fiscal planejada. Se surgir a necessidade, ao longo do ano, vamos reunir e discutir. Mas, se depender de mim, não haverá novas medidas fiscais”, acrescentou.
Lula também foi enfático ao afirmar que o “povo pobre” não deve ser penalizado por “cortes desnecessários”. As declarações ocorreram em uma entrevista no Palácio do Planalto, que segue a nova estratégia de comunicação liderada pelo ministro Sidônio Palmeira, que substituiu Paulo Pimenta na Secretaria de Comunicação (Secom) no início do ano.
O tema econômico dominou a conversa, e Lula aproveitou para defender o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que recentemente foi criticado por Gilberto Kassab, presidente do PSD, o maior partido do país.
“Penso que o Kassab foi injusto com o trabalho do Haddad no Ministério da Fazenda. Mesmo que eu tenha críticas pessoais a alguém, não se pode negar que o Haddad, no início do governo, coordenou a PEC da Transição... pois não tínhamos recursos suficientes para governar o país em 2023”, afirmou.
“A segunda grande contribuição foi o novo arcabouço fiscal e, em seguida, a reforma tributária. Foi um feito extraordinário conseguir aprovar essa reforma, e por isso o Haddad já deveria ser reconhecido pelo Kassab”, completou.
A crítica de Kassab a Haddad ocorreu em um contexto de especulação sobre mudanças no governo, com partidos do centrão buscando mais influência na administração petista.
Lula também comentou a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa de juros em 1 ponto percentual, destacando que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, fez o que era necessário. Lula minimizou o impacto da decisão e comparou a situação com a gestão anterior.
“Ao ter experiência com o Banco Central, sei que o presidente não pode tomar decisões abruptas em um cenário complicado. A alta dos juros já estava prevista pelo presidente anterior, Roberto Campos Neto, e Galípolo seguiu o que estava planejado”, explicou.
Lula afirmou que acredita no trabalho de Galípolo e tem plena confiança em sua capacidade de reduzir os juros quando as condições permitirem. A taxa de juros, que atualmente está em 13,25%, é criticada por Lula e aliados como um obstáculo para o crescimento da economia.
Sobre o aumento do diesel, Lula negou que tenha autorizado a elevação dos preços. Ele reforçou que a decisão sobre os preços dos combustíveis cabe à Petrobras, não ao presidente da República.
“Eu não autorizei o aumento do diesel. Desde meu primeiro mandato, aprendi que quem toma essas decisões é a Petrobras, e não o presidente”, disse.
Lula também observou que, caso ocorra um novo aumento, o preço do diesel ainda será inferior ao registrado em dezembro de 2022, no governo Bolsonaro. A Petrobras está avaliando a necessidade de um reajuste para corrigir a defasagem dos preços em relação ao mercado internacional, que atualmente é de 13% a 16% para o diesel e 18% para a gasolina, conforme dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
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