Mais de 90% do ouro brasileiro importado pela Europa tem origem em áreas com risco de ilegalidade, diz estudo
Um estudo divulgado pelo Instituto Escolhas revelou que mais de 90% do ouro brasileiro importado por países europeus em 2023 teve origem em áreas com alto risco de ilegalidade. O levantamento, intitulado "Europe’s Risky Gold," aponta que 94% do ouro brasileiro comprado pela União Europeia veio dos estados do Pará, Amazonas e São Paulo. Nesses locais, a produção de ouro é predominantemente realizada através de lavras garimpeiras, muitas vezes sem a devida autorização legal, em áreas de conservação ou terras indígenas.
O estudo revelou que, das aproximadamente 1,7 toneladas de ouro importadas do Brasil pela Europa no ano passado, 1,5 toneladas saíram de áreas de alto risco de ilegalidade, representando US$ 93 milhões dos US$ 99 milhões negociados com países europeus. A Alemanha, por exemplo, importou todo o seu ouro do Amazonas, uma área de alto risco. A Itália importou 71% do ouro brasileiro de áreas de risco, principalmente do Pará e São Paulo.
A diretora de pesquisa do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues, destacou que a política de compra de ouro da União Europeia tem muitos "pontos cegos," permitindo a compra de ouro de áreas de origem duvidosa. O Brasil exportou 68 toneladas de ouro em 2023, com os principais destinos sendo Canadá, Suíça e Reino Unido.
A diretora também mencionou que, apesar de avanços como a adoção de nota fiscal eletrônica e o fim da presunção de boa-fé na comercialização do ouro, a rastreabilidade da origem do minério no Brasil ainda precisa ser ampliada.
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