Megaoperação mira grupo que movimentou R$ 18 milhões com leilões fraudulentos
gazetadevarginhasi
31 de mai.
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Divulgação
Polícia Civil de Minas desmantela quadrilha envolvida em golpes de leilões falsos com movimentação de R$ 18 milhões.
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou, nesta terça-feira (27/5), a segunda fase da operação Martelo Virtual, com foco no combate a uma organização criminosa especializada em fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro. O grupo é investigado por aplicar golpes por meio de sites falsos de leilões de veículos, lesando vítimas em pelo menos oito estados do país.
Durante a ofensiva, foram cumpridos 12 mandados de prisão e 54 de busca e apreensão em 12 municípios localizados nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro. A ação resultou na apreensão de documentos, 32 veículos e aproximadamente R$ 60 mil em espécie. Ao todo, mais de 100 policiais civis participaram da operação, coordenada pela Delegacia de Polícia Civil em Frutal, no Triângulo Mineiro, onde as investigações começaram em 2023.
De acordo com as apurações, a quadrilha atuava em Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Tocantins, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Estima-se que mais de 250 pessoas tenham sido vítimas do esquema, com prejuízos que, em casos isolados, chegaram a R$ 200 mil por pessoa. A movimentação financeira do grupo, apenas no último ano, ultrapassou R$ 18 milhões.
A fraude consistia na criação de portais falsos que simulavam sites legítimos de leilões de veículos. Esses sites eram promovidos com anúncios pagos, o que aumentava sua visibilidade em mecanismos de busca na internet. Acreditando tratar-se de um leilão real, os interessados acabavam fazendo contato com os golpistas por aplicativos de mensagens, onde a negociação era finalizada. O pagamento era feito por Pix, com transferência dos valores para contas de terceiros.
O delegado-geral Felipe Colombari, chefe do 5º Departamento de Polícia Civil em Uberaba, destacou que a atuação integrada com as polícias civis do Paraná (PCPR) e de São Paulo (PCESP) foi essencial para o sucesso da operação. "O trabalho conjunto e o investimento em inteligência têm sido decisivos no enfrentamento ao crime organizado", ressaltou.
A investigação contou com o apoio de Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que identificaram movimentações bancárias incompatíveis com a renda dos envolvidos. Essas informações auxiliaram na identificação da ocultação de bens adquiridos com os valores obtidos ilegalmente.
A Justiça autorizou o sequestro de bens e valores estimados em R$ 18 milhões, além da quebra dos sigilos bancário e fiscal dos suspeitos e o bloqueio de 1.023 contas bancárias de 82 pessoas físicas e jurídicas. Foram ainda bloqueados judicialmente 86 imóveis, três motos aquáticas e 506 veículos.
Segundo o delegado João Carlos Garcia Pietro Júnior, que coordenou a investigação, a organização possuía uma estrutura hierárquica bem definida, com membros responsáveis por diferentes funções: desde a criação dos sites fraudulentos até a captação de “laranjas” e a movimentação financeira dos recursos ilícitos. “Os depósitos eram rapidamente fracionados e distribuídos para dificultar o rastreamento, sendo parte do dinheiro transferido a um grupo familiar de São Paulo, encarregado de lavar os valores por meio da compra de bens em nome de terceiros”, explicou.
Como forma de prevenção, o delegado Felipe Colombari deixou um alerta à população. “É fundamental desconfiar de ofertas com preços muito abaixo do mercado e de sites de procedência duvidosa. Em caso de dúvida, é melhor não seguir adiante com a negociação”, orientou.
O nome da operação, Martelo Virtual, faz referência ao martelo utilizado por leiloeiros em eventos presenciais, simbolizando, no ambiente digital, o golpe que simula a concretização de lances legítimos para dar aparência de legalidade à fraude.
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