Mesmo com prevenção e combate, áreas incendiadas aumentam em Minas
Embora o governo estadual tenha ampliado as atividades de acompanhamento e combate a incêndios, foram queimadas este ano, até o dia 15 deste mês, mais de 21 mil hectares, superando os 14,6 mil registrados no ano passado. Os números foram apresentados durante audiência pública da da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na tarde desta quinta-feira (22/10/24).
Conforme o sub-comandante do Comando Especializado de Bombeiros, tenente-coronel Welter Alves das Chagas, desde 2019, o Estado conta com 17 Núcleos de Incêndio Florestal e 119 militares em todas as unidades. Com a expansão desse atendimento operacional, foi registrado um aumento de quase 90% das ocorrências.
Segundo o oficial, com a mensuração feita a partir de 2013, o ano 2021 foi o que apresentou a maior área queimada nesse perído, com uma de mais de 125 mil hectares. Depois desse pico, nos anos seguintes, as terras devastadas diminuíram e voltaram a aumentar em 2024.
Apesar de afirmar que cerca de 75% dos incêndios são extintos nas primeiras 24 horas, Chagas ponderou que o Comando não está satisfeito com esses números e que, embora o trabalho esteja sendo realizado, há mais por fazer.
O subcomandantes lembrou que existem 95 unidades de conservação em Minas Gerais. Explicou que a equipe trabalha com medidas de prevenção e combate a incêndios, valendo-se de dados. Mencionou a compra de veículos e outros equipamentos e a realização de cursos específicos para bombeiros, brigadistas e membros da sociedade civil. Reconheceu que essas ações são resultados de recursos estaduais e federais.
Nível de vulnerablidade aumenta entre municípios
Segundo a superintendente de Qualidade Ambiental e Mudanças Climáticas, Renata Maria de Araújo, o Governo estadual tem aprimorado o planejamento e o monitoramento das ações de proteção, mas a vulnerabilidade dos municípios tem aumentado. Ela apresentou um mapeamento, evidenciando que entre 2014 e 2024, o número de municípios mineiros com grau alto, muito alto ou extremo de risco passou de 444 para 523.
A presidenta da Brigada 1 da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte, Ana Carina Roque, relatou exemplos de trabalhos operacionais de combate a incêndios e ações preventivas realizadas na Capital. O grupo, segundo Ana, conta com mais de 300 voluntários. “Estamos numa época de chuva, falando de fogo. Mas temos que discutir antes que os eventos aconteçam”, salientou.
De acordo com o professor de Direito, William Conrado, em 2023, o governo federal destinou ao Estado quase R$ 43 milhões para segurança pública e, este ano, já antecipou cerca de R$ 40 milhões. O advogado questionou, porém, como esse dinheiro foi dividido entre os setores.
Voluntários devem serparceiros no combate aos incêndios
Representantes de organizações voluntárias que participaram da audiência defenderam mais parcerias com o poder público no combate aos eventos climáticos e queimadas. O brigadista voluntário do grupo Lobo-Guará de Carrancas (Sul de Minas), João Carlos de Oliveira, destacou como exemplos, a possibilidade de estimar áreas queimadas com drones e outras tecnologias desenvolvidas pelas universidades mineiras.
Ele se emocionou ao lamentar o falecimento de militares que atuavam no combate a incêndios no Estado. “Tá faltando o Estado investir mais no contingente e, de preferência, de forma preventiva”, desabafou.
A voluntária da Brigada Cipó, de Santana do Riacho (região Central), Claudia Andrea Borges, concordou que o trabalho deve ser feito em rede. Ela defendeu a combinação de saberes populares e tradicionais e conhecimentos técnico-científicos.
Como integrante do Comitê de Gerenciamento de Crise de Queimadas da Serra do Cipó, ela pontuou a relevância da parceria com as escolas. Lembrou que a maioria das queimadas é resultado da ação humana e isso deve ser investigado. “Precisamos de legislação que proteja as nossas águas, precisamos orientar planos de ação municipal”, listou.
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