Moradores e organizações relatam aumento de casos de maus-tratos a animais no Sul de Minas
Os casos de abuso contra animais têm aumentado em diversas cidades do Sul de Minas. De acordo com relatos de moradores e organizações de resgate, especialistas alertam sobre as implicações legais desses crimes e oferecem orientações para prevenir tais situações. Em Lavras (MG), foram registradas 159 ocorrências de maus-tratos neste ano, o que representa um aumento de mais de 360% em relação ao ano passado. Em Poços de Caldas (MG), já foram registrados mais de 300 casos de abusos contra animais apenas neste ano.
Um exemplo recente de maus-tratos foi o caso da cachorra Negona, que foi esfaqueada e precisou passar por uma cirurgia em Poços de Caldas. O grupo de protetores animais Sem Raça Definida foi responsável por garantir os cuidados médicos necessários para o animal. A Polícia Civil está investigando o caso.
"Levamos a cachorrinha para o veterinário que constatou que era uma perfuração por um objeto cortante, né, faca ou machado, que foi uma perfuração de mais ou menos 10 centímetros. E por muito pouco, a gente não perde ela pela situação", contou a integrante do grupo Sem Raça Definida, Andréa de Souza.
Na clínica onde a cachorra recebeu tratamento, outros animais que também haviam sido vítimas de maus-tratos foram resgatados. A proprietária da clínica relatou que esse tipo de situação tem sido frequente.
"Todos os dias a gente tem casos de maus-tratos aqui na clínica e a gente está sempre procurando ajudar. Por isso que eu tenho a parceria com o pessoal das ONGs, pra gente conseguir de fato ajudar esses animais porque eles não têm culpa”, afirma Jéssika Vieira.
Consequências legais
O veterinário Rogério Blasi ressalta que o crime de maus-tratos não se limita apenas às agressões físicas. Negar os cuidados essenciais aos animais também pode resultar em punições para os responsáveis.
"Espaços insuficientes, alimentação inadequada, animais fechados em casa sem ter o devido exercício físico", explica.
O crime de maus-tratos contra animais pode resultar em uma pena de dois a cinco anos de prisão, além de multa e proibição de posse do animal. Se o animal morrer devido aos maus-tratos, a pena pode ser aumentada em até um terço.
"O advento da lei de sanção aumentou de dois a cinco anos de reclusão a pena para quem maltratar animais domésticos, em específico cães e gatos”, explica o presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da OAB de Poços de Caldas, Lúcio Corrêa Cassila.
A psicóloga Yasmine Leal Graize afirma que a violência pode estar relacionada a diversos fatores, como aspectos psicológicos, emocionais, culturais, sociais e até religiosos. Ela enfatiza que a conscientização é fundamental para que a sociedade aprenda a não trivializar a violência contra os animais.
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